“No Sp. Braga temos jogadores de Seleção”
O facto de nunca ter jogado na Seleção principal continua a ser um amargo de boca?
AC – Fui chamado uma vez para um jogo, não me lembro contra quem, e pensei mesmo que ia entrar, porque estava ao lado do Nuno Gomes a aquecer, estávamos a ganhar 5-0, e ele disse-me para ficar tranquilo que ia entrar. Acabei por não entrar. Em Portugal há sempre jogadores bons e novos a aparecer, por isso sempre lidei bem.
O que considera que lhe faltou para jogar na Seleção?
AC – Considero-me um jogador realista e houve momentos em que acredito que merecia ir à Seleção. Tive momentos na Turquia em que era o médio com mais golos, o médio com mais minutos ou o médio com mais assistências. Fiz coisas boas e, se calhar, jogadores que estavam a fazer uma época banal chegaram a ir à Seleção. É preciso aceitar. O campeonato ou o clube onde eu estava… Se calhar, se eu começasse a ser titular no FC Porto teria ido à Seleção, seria automático, mas na Turquia passava despercebido.
Nesse sentido, há algum arrependimento por ter ido para a Turquia?
AC – Não, porque a Turquia deu-me uma estabilidade financeira muito importante. Somos profissionais e também temos de olhar para isso.
Matheus Nunes e Otávio foram naturalizados e estrearam-se na Seleção Nacional. Aprova essa estratégia ou considera que se devia antecipar a aposta nos sub-21?
AC – Questão difícil. Ainda há poucos dias li uma entrevista do Ricardo Carvalho em que ele dizia que o período de cinco anos para os naturalizados irem à Seleção é curto. Acho que quando um jogador vai à Seleção para tirar proveito não é bom. Mas, se um jogador se sente português e está aqui desde miúdo…
Quando estava com o Pepe, por exemplo, senti que ele era português, era uma coisa natural. Nesses casos acredito que sim, chegaram cá jovens, fizeram a vida aqui, porque não? Até sou a favor, são tão portugueses quanto eu. Agora, há outros casos que me deixam um pouco... não é que concorde ou deixe de concordar, mas acho que não faz muito sentido quando temos
“O RICARDO HORTA NÃO IR [À SELEÇÃO NACIONAL ] NÃO FAZ MUITO SENTIDO, MAS O SELECIONADOR FAZ O MELHOR”
sub-21 e outros jogadores com tanta ou mais qualidade.
Carlos Carvalhal disse que para o Sp. Braga se colar aos três grandes teria de ter muitos mais internacionais. Há aqui talento para chegar à selecção portuguesa, por exemplo?
AC – No ano passado falava-se do Paulinho, que acabou por ir enquanto jogador do Sp. Braga. Pela época que fez no ano passado, o Ricardo Esgaio merecia ter ido. Neste e em anos anteriores, o Ricardo Horta… Ele não ir é algo que não faz muito sentido, mas o selecionador faz o melhor pela Seleção, ganhando títulos que ninguém tinha conseguido, mas eu estando dentro do Sp. Braga e vendo o que vejo aqui, temos jogadores de Seleção.
Como é que um jogador não internacional lida com esses períodos sem competição?
AC – Não é bom, principalmente depois do empate que sofremos com o Boavista no último minuto, porque fica esse sentimento por muito tempo. Preferíamos que não houvesse paragem, mas temos de compreender o espaço de seleções.
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