Record (Portugal)

Um momento revolucion­ário

- Leonor Pinhão

RC AINDA NÃO TEVE TEMPO E SOSSEGO PARA REFLETIR SOBRE O QUE A SUA ELEIÇÃO SIGNIFICA

NÃO TARDARÁ QUE ESTA MODERNIDAD­E VIBRANTE – O PRESIDENTE DO MAIOR CLUBE PORTUGUÊS É UM ANTIGO JOGADOR DO MAIOR CLUBE PORTUGUÊS – AMEACE CONTAGIAR OUTROS CLUBES, OUTROS EMBLEMAS E OUTRAS MASSAS ASSOCIATIV­AS SEDENTAS DE PROGRESSO E DE COPIAR O BENFICA

O Benfica é o primeiro a eleger presidente um antigo jogador de futebol feito na sua casa. É um momento revolucion­ário. É certo que ainda ofuscado pelas ocorrência­s que ditaram a queda do presidente anterior, mas não deixa de ser um momento revolucion­ário a eleição de Rui Costa, o 34.º presidente do Benfica. Os próximos tempos na Luz serão, certamente, confusos por força dos dossiers em agenda e pelos naturais constrangi­mentos da mudança, mas não tardará que esta modernidad­e vibrante – o presidente do maior clube por- tuguês é um antigo jogador do maior clube português – ameace contagiar outros clubes, outros emblemas e outras massas associativ­as sedentas de progresso e de copiar o Benfica. O próprio Rui Costa, provavelme­nte, ainda não teve tempo nem sossego para refletir sobre o que a sua eleição significa em termos de revolução de costumes. Significa muito. Que seja muito feliz.

Nestas andanças das paixões pelos clubes de futebol

há um pormenor em que todos estaremos de acordo. Não há nada mais irritante do que ouvir os nossos rivais a palestrar sobre temas embaraçant­es do emblema que nos é mais caro.

Uma coisa é sermos nós a dizer mal dos nossos dirigentes, dos nossos negócios, dos nossos es- palhanços, das nossas comissões e das nossas investidas po- liciais. Aceita-se desde que em ambientes recatados no seio de uma só cor. Outra coisa é virem os nossos adversário­s falar de cátedra, à campeões da moralidade, visando em públi- co ou em privado os nossos dirigentes, os nossos negócios, os nossos espalhanço­s, as nossas comissões e as nossas investidas policiais. Ninguém aceita uma intromissã­o destas em nenhuma circunstân­cia por mais funesta que seja e vai-se aprendendo com o tempo que o silêncio é de ouro quando uma crise bate na porta do lado.

Por isso mesmo,

ganham muito em dimensão civil e em paz de alma os benfiquist­as que souberem estar calados nos fóruns públicos sempre que forem chamados a comentar, por exemplo, esta recente vaga de notícias sobre os negócios do FC Porto com o Vitória de Guimarães e sobre as comissões declaradas na renovação do contrato do jogador Otávio. São lá coisas dos outros que não nos interessam. Ou não nos deviam interessar. A mim, não me interessam nada. Nem valem a maçada que sempre acarreta emitir uma opinião. A minha opinião sobre tais assuntos do momento portista é tão dispensáve­l que nem a mim própria me interessa. O que me interessav­a era ouvir a opinião da dr. Ana Gomes sobre os negócios da SAD do FC Porto com a SAD do Vitória de Guimarães e também a opinião da dr.ª Ana Gomes sobre as comissões na renovação do contrato do jogador Otávio com o FC Porto. Mas, até ao momento, nada. Nem uma opinião, nem meia-opinião, nada. Está mal, está muito mal.

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VÍTOR PINTO
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PAULO FUTRE

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