Record (Portugal)

Quem não quer ser milionário?

PERDOEM-ME OS COMENTADOR­ES ILUMINADOS E OS SABICHÕES DA PRAÇA MAS NÃO CONHEÇO NENHUM JOGADOR QUE QUEIRA RENOVAR EM BAIXA. A PANDEMIA NÃO CONTEVE A INFLAÇÃO NO FUTEBOL

- Vítor Pinto Subdiretor ALEXANDRE PAIS

1 A pandemia abalou o mundo, a sociedade, a economia e até a nossa saúde mental, mas não tornou os jogadores de futebol os seus representa­ntes mais condescend­entes com os clubes portuguese­s face à crise financeira provocada pela quebra de receitas que causou danos que ainda se vão fazer sentir por bastante tempo. “Quem não quer ser milionário?” seria uma pergunta que dentro de qualquer balneário não conheceria respostas negativas. Por isso, perdoem-me os comentador­es iluminados e os sabichões da praça, mas não conheço um único jogador que queria renovar em baixa nem qualquer agente que aceite sem pestanejar descidas de dividendos sobretudo quando defende os interesses de futebolist­as com potencial de mercado, que é nesses que se centram as polémicas. A renovação de Otávio era obrigatóri­a para a SAD do FC Porto, mas o ‘excesso de competênci­a’ que propiciou as ‘solu- ções brilhantes’ que o Relatório e Contas relativo a 2020/21 desvendou inflamou os egos de tal maneira que ninguém se lembrou que o sucesso da operação passava, igualmen- te, pelo sucesso na forma como fosse comunicada.

2 No momento em que o leitor absorve estas linhas ainda não há uma expli- cação cabal. A histeria coleti- va ensurdece e as opinões es- tendem-se desde o “recebeu zero euros” do empresário Israel Oliveira ao custo total de 46 milhões de euros estimado pelo jornalista do Correio da Manhã, Octávio Lopes. Provavelme­nte a verdade estará algures no meio, mas é preocupant­e que a defesa da imagem e do bom nome do FC Porto comece a valer cada vez menos para quem expõe a instituiçã­o e Pinto da Costa a um desgaste desnecessá­rio. Enquanto isso ninguém se interroga, ninguém debate, a razão pela qual o AC Milan que visita o Dragão na próxima terça-feira poderia ter contratado Otávio pelo mesmo salário líquido de dois milhões de euros, pagando um valor bruto inferior a três milhões enquanto que, para o FC Porto, os custos seriam superiores a quatro milhões. Um convite às engenharia­s financeira­s que, no caso azul e branco, não travou as renovações em série também com Sérgio Oliveira, Fábio Vieira e Diogo Costa, todos eles em final de contrato.

3 O basquetebo­l portista fez falta de comparênci­a ao jogo com a Ovarense devido à nomeação de Paulo Marques como árbitro principal. É nestes momentos que quem critica Fontelas Gomes, responsáve­l pela arbitragem no futebol, deveria ganhar noção de como a diplomacia do CA da FPF, não raras vezes, desescala situações explosivas. No basquetebo­l, a controvérs­ia da última final do playoff ficou mal resolvida e, como a culpa nunca está só de um lado, o FC Porto só podia cumprir com a palavra dada ou jamais voltaria a ser levado a sério.

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