Quem não quer ser milionário?
PERDOEM-ME OS COMENTADORES ILUMINADOS E OS SABICHÕES DA PRAÇA MAS NÃO CONHEÇO NENHUM JOGADOR QUE QUEIRA RENOVAR EM BAIXA. A PANDEMIA NÃO CONTEVE A INFLAÇÃO NO FUTEBOL
1 A pandemia abalou o mundo, a sociedade, a economia e até a nossa saúde mental, mas não tornou os jogadores de futebol os seus representantes mais condescendentes com os clubes portugueses face à crise financeira provocada pela quebra de receitas que causou danos que ainda se vão fazer sentir por bastante tempo. “Quem não quer ser milionário?” seria uma pergunta que dentro de qualquer balneário não conheceria respostas negativas. Por isso, perdoem-me os comentadores iluminados e os sabichões da praça, mas não conheço um único jogador que queria renovar em baixa nem qualquer agente que aceite sem pestanejar descidas de dividendos sobretudo quando defende os interesses de futebolistas com potencial de mercado, que é nesses que se centram as polémicas. A renovação de Otávio era obrigatória para a SAD do FC Porto, mas o ‘excesso de competência’ que propiciou as ‘solu- ções brilhantes’ que o Relatório e Contas relativo a 2020/21 desvendou inflamou os egos de tal maneira que ninguém se lembrou que o sucesso da operação passava, igualmen- te, pelo sucesso na forma como fosse comunicada.
2 No momento em que o leitor absorve estas linhas ainda não há uma expli- cação cabal. A histeria coleti- va ensurdece e as opinões es- tendem-se desde o “recebeu zero euros” do empresário Israel Oliveira ao custo total de 46 milhões de euros estimado pelo jornalista do Correio da Manhã, Octávio Lopes. Provavelmente a verdade estará algures no meio, mas é preocupante que a defesa da imagem e do bom nome do FC Porto comece a valer cada vez menos para quem expõe a instituição e Pinto da Costa a um desgaste desnecessário. Enquanto isso ninguém se interroga, ninguém debate, a razão pela qual o AC Milan que visita o Dragão na próxima terça-feira poderia ter contratado Otávio pelo mesmo salário líquido de dois milhões de euros, pagando um valor bruto inferior a três milhões enquanto que, para o FC Porto, os custos seriam superiores a quatro milhões. Um convite às engenharias financeiras que, no caso azul e branco, não travou as renovações em série também com Sérgio Oliveira, Fábio Vieira e Diogo Costa, todos eles em final de contrato.
3 O basquetebol portista fez falta de comparência ao jogo com a Ovarense devido à nomeação de Paulo Marques como árbitro principal. É nestes momentos que quem critica Fontelas Gomes, responsável pela arbitragem no futebol, deveria ganhar noção de como a diplomacia do CA da FPF, não raras vezes, desescala situações explosivas. No basquetebol, a controvérsia da última final do playoff ficou mal resolvida e, como a culpa nunca está só de um lado, o FC Porto só podia cumprir com a palavra dada ou jamais voltaria a ser levado a sério.