Ausências de peso não subtraem perigo
çVice-líder da Serie A, o AC Milan ainda não pontuou na Champions, em virtude dos desaires com Liverpool (2-3) e At. Madrid (1-2), em jogos em que desperdiçou vantagens. Essa é uma das imagens de marca dos rossoneri. Nenhum resultado está fechado nem mesmo quando estão em desvantagem por dois golos, já que exibem uma reação for- tíssima à adversidade, asseve- rada, no último sábado, ante o Verona (de 0-2 para 3-2). Mas também acusam alguma instabilidade em superioridade no marcador, uma consequência da forma como recuam as linhas, quase que abdicando de ter bola.
Fiel ao 4x2x3x1, Stefano Pioli deparar-se-á no Dragão com uma série de baixas de peso: Brahim Díaz, Theo Hernández, Kessié, Florenzi e Maignan não atuarão ante o FC Porto, podendo ainda juntar-se a estes Rebic. Mesmo sem 5 ou 6 jogadores que seriam titulares, os rossoneri continuarão a ser ultracompetitivos e não perderão os princípios de Pioli, mas é legítimo apontar os dragões como favoritos a um sucesso que os deixará muito bem posicionados para prosseguirem o trilho europeu em 2022.
Habituado a construir desde trás, organizando-se, a partir da primeira fase de construção, em 2x4x4, com a preocupação de criar uma segunda li- nha com dois médios-centro e os dois laterais (pouco projeta- dos) para oferecer soluções de passe aos centrais, o que pode ser convidativo a uma pressão alta do FC Porto, o AC Milan gosta de se acomodar com bola no meio-campo ofensivo, privilegiando as conexões pelo corredor central. Contudo, sobressai ainda mais pela forma como acelera e vertica- liza o jogo em ataque posicional e pela aptidão para metamorfosear a transição ofensi- va em contragolpes contundentes. Face às ausências, o papel de Rafael Leão e de Sae- lemakers torna-se mais capital. Além disso, a presença de uma referência ofensiva (Giroud, com Ibrahimovic como alternativa), permitirá, em vários momentos, a busca de uma construção mais longa para a conquista da primeira e da segunda bola, e levará a equipa a perscrutar mais o jogo exterior. Os azuis e brancos também deverão ter muitas cautelas na defesa de bolas paradas, tanto diretas como indiretas, onde, por norma, colocam 5 jogadores em zona de finalização, já que Tonali é um especialista, bem secundado por Krunic e Bennacer.
A nível defensivo, o AC Milan costuma organizar-se em 4x4x2, alternando fases com o bloco mais subido, em que mostra acutilância nas recuperações em zonas altas, com outras, principalmente na defesa de um resultado, em que baixa o bloco, mostrando aí uma tendência excessiva para se afundar na área. São notórias, em organização e transição, debilidades na proteção do jogo exterior, principalmente no corredor direito. Mas também são patentes algumas deficiências na cobertura de espaços entre laterais e centrais e na reação a um jogo mais direto do opositor. Porém, são muito competentes na defesa da primeira bola nas bolas paradas laterais, mas sentem mais estorvos na proteção da segunda bola, sobretudo se o adversário a conquistar à entrada da área, por norma o espaço mais exposto.