As falhas de memória de Textor
O NORTE-AMERICANO QUER INVESTIR. SE O NOVO BENFICA CONTINUAR A MOSTRAR-SE TÃO RENITENTE SERIA UM PECADO MORTAL OS RIVAIS NÃO SE POSICIONAREM PARA METER A MÃO NO PRATO
1 O que mais estranho
em John Textor, de cujo percurso conheço essencialmente o mesmo que a generalidade dos leitores, são alguns avanços e recuos, bem como falhas de memória pontuais que não ajudam a consolidar a imagem de um investidor de sucesso que pode mudar a face do futebol português. Um exemplo evidente num tema crítico: perante as revelações de Record sobre o posicionamento do FC Porto com vista a um futuro investimento na sua SAD, o norte-americano fez afirmações taxativas à CMTV. “Nunca fui sondado pelo FC Porto”, decretou com a mesma solenidade com que num dia jurava amor ao Benfica e no seguinte já se mostrava disponível para levar os seus milhões rumo a outras paragens no futebol português. Só que, já numa entrevista publicada a 25 de julho, concedida ao Nascer do Sol, Textor foi especificamente questionado pela jornalista Marta F. Reis sobre se teria sido abordado por FC Porto e Sporting e confirmou esse facto, escudando-se ape- nas na mesma ignorância que o impede de descobrir como se pagam quotas do Benfica. “Sabem, por pessoas que podem ou não representar esses clubes, não sei, mas não aceitei qualquer telefonema nem tive qualquer reu- nião, nem pretendo fazê-lo com qualquer outro clube”, desabafou, querendo convencer-nos de que nem saberia quem são Pinto da Costa ou Frederico Varandas caso lhe quisessem passar-lhe chamadas de algum deles.
2 Passados três meses
deu-se um esquecimento providencial que o relevo conferido pelo Nascer do Sol a essas palavras impede que tenha sucesso, até porque os indicadores são de que existiriam bases trabalhadas para um possível acordo com o FC Porto, não se sabe por iniciativa de quem. O que o norte-americano sempre disse é que quer investir. E se o Benfica se mantiver tão renitente como sempre se mostrou no pós-Vieira seria um pecado mortal os rivais não se posicionarem para meter a mão no prato. Segundo o próprio Textor, foi o que fizeram. A caça aberta ao milhão só espera o fracasso das negociações com o Benfica.
3 Aliás, como não
consigo parar de me deleitar com as pérolas de John Textor, sem dúvida melhor empresário do que orador, não consigo deixar de partilhar mais um piscar de olhos aos tais rivais que um dia o sondaram mas que no outro já nem conhece nem lhes atende o telefone. “Perguntam-me muitas vezes: qual é o clube mais valioso? Hoje digo o Benfica. Mas não se continuarem fechados. O clube mais valioso em Portugal será o primeiro que se abrir ao Mundo”, afirmou também John Textor. A fórmula funcionará, pelos vistos, com qualquer cor clubística que se renda aos seus encantos. Depois ainda se admira que haja quem fique de pé atrás...
A 25 DE JULHO ADMITIU TER SIDO ABORDADO POR
EMISSÁRIOS EM NOME DE FC PORTO E SPORTING