Record (Portugal)

A tradição já não é o que era

Quase 16 anos depois de se estrearem, ausências de Messi e Sergio Ramos ‘marcam’ Barça-Real

- JOSÉ ANGÉLICO

HISTÓRICO DE CONFRONTOS PRIMA PELO EQUILÍBRIO: APÓS 246 JOGOS, BLANCOS TÊM MAIS DUAS VITÓRIAS DO QUE OS CULÉS “FAZER PARTE DE ‘EL CLÁSICO’ É UM SONHO. SINTO QUE POSSO DAR MAIS”, DIZ MEMPHIS DEPAY, UM DOS POSSÍVEIS ESTREANTES

A 19 de novembro de 2005, no Santiago Bernabéu, um jovem de 18 anos entrou em campo com a camisola 30 do Barcmelona, fazendo a sua estreia em jogos com o Real Madrid, logo como titular. Chamava-se Lionel Messi e foi dele a assistênci­a para Samuel Eto’o, um antigo jogador dos merengues, inaugurar o marcador numa clara vitória dos catalães por 3-0. No onze contrário estava outro jovem de 19 anos, um tal de Sergio Ramos, recém-contratado ao Sevilha, que pouco conseguiu fazer para evitar a pesada derrota dos anfitriões. Quase 16 anos depois desse jogo, Barça e Real encontram-se esta tarde no Camp Nou e as ausências dos antigos capitães – agora juntos no Paris Saint-Germain... – acabam por marcar fortemente um clássico, até porque se tratam dos jogadores com mais presenças (ambos com 45) nos duelos entre os dois colossos espanhóis.

Mas não é só a saída dos dois elementos mais carismátic­os de cada uma das equipas que retira emoção ao ‘El Clásico’. Desde que Cristiano Ronaldo deixou o Real Madrid, em 2018, que estes embates perderam muito do poder de seduzir os adeptos de todo do Mundo. Longe vão os tempos em que os duelos entre CR7 e La Pulga animavam as discussões. Ou quando Mourinho liderava os blancos e Guardiola comandava os culés, para lembrar apenas a última década de uma longa história de rivalidade iniciada nos primórdios do século 20 e que alimentou sucessivas gerações de adeptos de ambos os lados da barricada. Um histórico que, contas feitas, até prima pelo equilíbrio – ao fim de quase 250 jogos, o Real Madrid tem apenas mais duas vitórias do que o rival.

Caras novas

Mas se o clássico espanhol perdeu algumas das suas referência­s, restam ainda muitos jogadores incontorná­veis, como Ter Stegen, Piqué, Busquets ou Jordi Alba no conjunto blaugrana, e Marcelo,

Casemiro, Toni Kroos, Modric ou Benzema nos merengues. “É um privilégio ter jogado em tantos clássicos. Uma equipa pode estar a fazer um ano melhor do que a outra, mas isso não significa nada no jogo”, lembrou o experiente alemão Kroos, de 31 anos, na antevisão da partida.

É no Barça que poderá haver mais estreantes no encontro deste domingo. Ao contrário do rival, que volta a contar com Carlo Ancelotti no comando técnico, a turma culé vive momentos de instabilid­ade – fruto dos problemas financeiro­s que estiveram mesmo na origem da saída de Messi –, que se têm sentido nas mudanças próprio plantel orientado por Ronald Koeman, que tem conseguido resistir às muitas críticas. Memphis Depay, Eric García, Luuk de Jong, Sergio Aguero, contratado­s este verão, preparam-se para a primeira experiênci­a neste confronto. “Fazer parte de ‘El Clásico’ é um sonho. Sinto que posso dar mais. A época está a correr bem, mas quero fazer melhor”, prometeu Memphis. Mas a este quarteto podem juntar-se vários jovens que começam a aparecer na equipa, com destaque para Gavi, médio de 17 anos que já chegou à principal seleção espanhola, ou Nico González (19) ou Yusuf Demir (18). Nos merengues, o experiente David Alaba e o jovem Camavinga são as únicas caras novas.

Prognóstic­o difícil

Com o Barcelona em pior situação na classifica­ção – está a dois pontos do adversário –, uma derrota caseira só serviria para aumentar ainda mais a instabilid­ade que se vive no clube. Por isso, a pressão é maior sobre os catalães, embora isso de pouco importe, como sublinhou Fernando Morientes, embaixador de La Liga e ex-Real Madrid. “É certo que o Barça começou pior e que existe um ambiente estranho no clube a nível institucio­nal, mas é o Barça. E quando joga em casa e contra o Real, tudo pode acontecer”, constatou. Já Luis García, ex-atacante dos catalães, não deixou de lembrar a ausência de Messi: “Sem ele perdemos todos, não só o Barcelona. Sentiremos falta de o ver na Liga”.

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CARAS CONHECIDAS. Piqué e Benzema voltarão a estar hoje frente a frente

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