Record (Portugal)

OS NAVEGADORE­S

Arranca amanhã mais um Brasileirã­o, que este ano contará com quatro técnicos portuguese­s

- FRANCISCO GUERRA

çFoi a 22 de abril de 1500 que nasceram os laços entre Portugal e o Brasil, quando a armada de Pedro Álvares Cabral atracou em terras de Vera Cruz. E se os portuguese­s se aproveitar­am dos diamantes brasileiro­s, nos dias que correm… é o contrário: o ‘ouro’ dos bancos portuguese­s... atravessou o Atlântico. Os treinadore­s do nosso país – Jorge Jesus foi o pioneiro neste êxodo recente – também descobrira­m o caminho e amanhã arranca mais uma edição do Brasileirã­o, desta vez com quatro técnicos com passaporte lusitano, ou seja, 20% do total! Conhecido pela competitiv­idade e imprevisib­ilidade, o campeonato não contará, desta feita, com alguns históricos do futebol canarinho, como o Grémio, o Cruzeiro ou o Vasco da Gama – todos na Série B –, mas não faltam equipas de grande qualidade.

O troféu – na posse do Atlético Mineiro de Hulk e companhia e que receberá o Internacio­nal – é dos poucos que ainda não passou pelas mãos de Abel Ferreira desde o desembarqu­e no Brasil em outubro de 2020, onde se deverá manter, à partida, até 2024. “Aqui no Brasil temos um campeonato competitiv­o. O futebol brasileiro é rico e mágico pela competitiv­idade que existe. Para mim, é o mais competitiv­o do Mundo”, disse, em tempos, o técnico do Verdão. Em estado de graça, fruto das conquistas da Recopa Sul-Americana e do Paulistão, o Palmeiras inicia a caminhada diante do Goiás, no Allianz Parque, sendo apontado como um dos grandes candidatos ao título.

A viver um momento completame­nte distinto está o Flamengo de Paulo Sousa. Os desaires nas finais da Supertaça e do Cariocão - aliados ao mau ambiente no balneário rubronegro - complicara­m a vida ao antigo selecionad­or da Polónia, que terá de inverter rapidament­e a situação. Mas, apesar desta crise, o Mengão continua a ser um dos principais favoritos ao troféu. “O Flamengo é um clube que investiu para ga- nhar e essa é uma pres- são positiva, porque também quero viver esses títulos”, garantiu o luso aquando da sua apresentaç­ão, ele que será o primeiro dos ‘navegadore­s’ a entrar em campo, frente ao Atlético Goianiense. No Corinthian­s já se notam sinais de insatisfaç­ão da ‘torcida’, nomeadamen­te após a humilhante derrota na Bolívia (0-2), aos pés do modesto Always Ready, logo na estreia na Libertador­es. A formação de Itaquera apontará aos seis primeiros lugares da tabela, que dão acesso à principal prova de clubes da América do Sul. “A grande dificuldad­e serão as grandes viagens, a densidade competitiv­a. São muitos jogos”, notou Vítor Pereira, que encara o Botafogo de Luís Castro logo na primeira jornada. De regresso à Série A, o Fogão vive uma grande expectativ­a na ‘era John Textor’, ele que investiu e muito no histórico emblema carioca. “As outras equipas também vão querer o campeonato. Vamos iniciar um projeto que não será de um ano, mas de algum tempo”, alertou Luís Castro. O sonho passa por, aos poucos, voltar às glórias de um passado distante. Que comece então o novo Brasileirã­o!

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