MANTER O SORRISO ATRAVÉS DO FUTEBOL
Dariia, Bordan, Artem e Mykhailo são quatro ucranianos que estão agora no Alcochetense
çDariia, Bordan, Mykhailo e Artem. Nomes de miúdos que tinham um vida perfeitamente normal na Ucrânia até a guerra rebentar. Agora, e depois de uma longa viagem de carro em família, vivem em Portugal e é no futebol que encontram o escape para poderem continuar a sorrir. Dariia (11 anos) e Bordan Dzis (16) são irmãos, tal como os seus primos Mykhailo (11) e Artem (16), sendo que os dois primeiros viram o pai ficar na Ucrânia. A mãe Viktoria também está em Portugal – o pai não conseguiu sair da Ucrânia... – e todos vivem na mesma casa, juntamente com Ruslan e Svitlana, os pais de Mykhailo e Artem. Mas o que ainda une mais esta família é o Alcochetense.
Inseridos na iniciativa ‘Cada clube, uma família’ – que faz hoje dois meses – da Federação Portuguesa de Futebol, estes quatro craques transferiram o sonho que deixaram em Vinnytsia para Alcochete, onde tentam ser felizes. “Tem sido fixe estar a viver em Portugal. As pessoas são boas
FAMÍLIA VIAJOU DE CARRO DESDE A UCRÂNIA ATÉ PORTUGAL PARA FUGIR DA INVASÃO RUSSA
para nós”, conta-nos Artem, um lateral que recebeu a boa notícia de que está finalmente elegível para jogar pelo Alcochetense enquanto falava com Record. Há pouco mais de um mês em Portugal, a forma como têm sido acolhidos ajuda a amenizar o drama que vivem, enquanto se adaptam à nova realidade. “O futebol aqui é mais de ataque e com muito mais passes. Gostava mais de jogar na Ucrânia”, aponta Bordan.
Dariia, ou Dasha como é conhecida, é a menina do grupo mas nada a trava. Gosta tanto da modalidade que até os brincos são bolas de futebol. “Comecei por fazer dança, mas gosto é de futebol!”, diz. E tem tanto jeito que os primos não hesitam em afirmar que ela e Mykhailo são os melhores entre os quatro. Mas por muito que tentem sorrir com o futebol, é inevitável as dúvidas por que passam. Quando perguntamos de que têm mais saudades, as respostas são, infelizmente, demasiado rápidas. “Da nossa família, dos nossos amigos”, afirmam, quase em uníssono, antes de Bordan e Dariia afirmarem o inevitável. “Temos saudades do nosso pai... E dos nossos três cães!” Certo é que o desporto ajuda a lidar melhor com os nervos. “Jogar futebol torna as coisas mais fáceis. Assim podemos tirar um pouco a cabeça daquilo que se está a passar no nosso país...”, sublinha Artem, enquanto a televisão permanece ligada num canal de notícias da Ucrânia.
Mais timído, Mykhailo resguarda-se entre os primos durante a conversa, mas mal pisamos o relvado do estádio do Alcochetense... transforma-se. Ele e Dariia desatam a correr com uma liberdade que muitos ucranianos não têm nos dias que correm. “Na Ucrânia tinha uma vida normal. Estudava, estava com amigos e ia aos treinos. Era uma vida boa”, diz Bordan. Agora continuam a perseguir a felicidade sempre com a bola nos pés. E porquê no Alcochetense, que equipa de verde como a equipa que representavam em Vinnytsia? Assim estão mais perto do Sporting, confidenciaram.
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