Record (Portugal)

24 horas, 24 meses

- Leonor Pinhão

BENDITA A HORA EM QUE A UEFA ACABOU COM O PRIVILÉGIO DOS GOLOS FORA

A ENTREVISTA DE MIL-HOMENS A ‘A BOLA’ É ESCLARECED­ORA. MAIS VALE TARDE DO QUE TARDÍSSIMO. NO CASO DA MANCHETE DE ONTEM DO RECORD MAIS VALERIA NUNCA DO QUE CEDO. EM FUNÇÃO DO BOM NOME DO BALNEÁRIO SAGRADO DO BENFICA, CLARO. MAS ESSA É OUTRA HISTÓRIA

Rui Costa esteve na quinta-feira no Seixal e falou com os jogadores do Benfica no relvado antes da sessão de treino matinal. Ontem, sexta-feira, a primeira página do Record dava primazia a esta conversa íntima entre presidente e jogadores do Benfica. Vinte e quatro horas depois de Rui Costa ter exigido uma vitória sobre o FC Porto, o Record fez disso manchete o que só abona a favor do jornal porque uma das nobres funções de qualquer jornal, e talvez a mais importante, é dar notícias. E esta é uma notícia. Poderá não abonar rigorosame­nte nada a favor dos mais elementare­s patamares de privacidad­e de uma equipa de futebol profission­al, mas essa é outra história. O Record fez o que tinha de fazer. “Aqui não!”, disse Rui Costa aos jogadores. É notícia. “Não podem ser campeões na nossa casa.” É notícia. Por falar em jornais, ontem, quinta-feira, ‘A Bola’ publicou uma entrevista com Pedro Mil-Homens, o diretor-geral da formação do Benfica.

Mil-Honens conta que esteve recentemen­te com Rúben Amorim e que lhe disse que estava farto de apanhar pan- cada por causa dele. Foi com Pedro Mil-Homens que o atual treinador do Sporting se reuniu quando foi convidado para assumir o comando da equipa de sub-23 do Benfica e foi a Pedro Mil-Homens que disse não estar interessad­o em trabalhar sob as condições que o Benfica lhe propôs. Daí foi para Braga e de Braga foi para Alvalade onde foi campeão. Durante 24 meses, o diretor-geral da formação do Benfica esteve sob ataque cerrado dos benfi- quistas que o acusaram de ter corrido com Amorim do clube. Durante 24 meses ninguém se lembrou de perguntar a Pedro Mil-Homens o teor da conversa e da discórdia operaciona­l com Rúben Amorim. Lembrou-se agora ‘A Bola’ e bem. A entrevista é esclareced­ora e mais vale tarde do que tardíssimo. No caso da manchete de ontem do Record mais valeria nunca do que cedo, isto, claro, em função do bom nome do balneário sagrado do Benfica. Mas essa é outra história.

Para satisfação e glória dos nossos interesses, os interesses dos que amam o jogo, bendita a hora em que a UEFA alterou o regulament­o de desempate nas suas competiçõe­s e acabou com os privilégio­s dos golos marcados fora. Lá se foi, assim, o ônus dos golos sofridos em casa. Os resultados estão à vista. Futebol sem medo do espetáculo, futebol sem medo das contabilid­ades mesquinhas, futebol no campo todo, sem retranca, sem medo dos golos, enfim, futebol. Os encontros entre o Manchester City e o Real Madrid foram disso exemplo. Espetáculo­s magníficos. 6-5 na soma dos dois resultados. 11 golos em dois jogos. Quando os jogadores são dos melhores do mundo, como foi o caso, esta liberdade que lhes foi oferecida, a liberdade de correr à procura de golos sem olhar a danos faz do jogo um festim para os olhos e para os sentidos. Que encanto.

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JOSÉ MANUEL FREITAS

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