ESTUDIOSO E ESTRATEGA QUE ARRISCOU NO COACHING
Os 10 anos de trabalho de Susana Torres como coach tiveram em Sérgio um impulsionador
O novo livro de Susana Torres, ‘O Milagre da Excelência’, sai hoje para as bancas e a coach para alta performance convidou Sérgio Conceição para escrever o prefácio do mesmo, que publicamos na íntegra ao lado. Este foi o mote para uma conversa com Record na qual Susana Torres vincou o papel central do técnico na sua entrada no futebol. “Devo-lhe a oportunidade que me deu de trabalhar no futebol, e sem ele, talvez eu não tivesse o sucesso que tenho hoje”, admitiu, catalogando Sérgio Conceição como um treinador “muito especial e diferenciado”, que “tem uma visão muito clara sobre
“É UM EXEMPLO DAQUILO QUE QUER VER DENTRO DE CAMPO. TODO UM COMPROMISSO QUE NINGUÉM CONSEGUE ABALAR”
onde quer chegar e o que precisa fazer para que isso aconteça”. “É um estudioso, um estratega e um exemplo daquilo que quer ver dentro de campo, e é exatamente por isso que as equipas são feitas à sua imagem. É toda uma cultura e compromisso que se gera e que ninguém consegue abalar. Não é fácil entender o Sérgio, mas quem o conhece, sabe bem o quanto ele é apaixonado pelo trabalho e pela família, um homem com valores bem definidos e que dá o corpo às balas sempre que necessário.”
Razões suficientes para pedir ao campeão nacional que apresentasse o livro que condensa “o trabalho de uma década”, reconhecido do ponto de vista mediático desde 2016, quando Éder ofereceu um Europeu a Portugal. “Senti necessidade de tornar acessível a qualquer pessoa ferramentas de coaching para a alta performance. É um documento de grande sentido prático, que conta o trajeto de 17 pessoas que trabalharam comigo e três histórias diferentes, uma delas de um dentista que fechou a sua clínica e reinventou-se no online; um médico que virou pasteleiro e trabalha com o melhor do mundo na sua área; e o caso do Nuno Dias, treinador de futsal do Sporting, que nunca tinha ganho a Champions e agora conta duas no seu currículo”, revela. Sobre a ligação a Sérgio Conceição, a mesma remonta ao final da época 2014/15, quando, então no Sp. Braga, o técnico via a classificação europeia fugir-lhe depois de cinco jogos sem vencer. “Perdeu 4-1 com o Sporting na penúltima jornada e o ambiente não ficou fácil, de cortar à faca. Disse coisas aos jogadores que não caíram bem. Então o Éder, que já trabalhava comigo, viu-o tão descontrolado que lhe disse para falar comigo e nesse mesmo dia reuni com ele”, contou, recordando, a nosso convite, o episódio em que os jogadores do Sp. Braga roubaram o carro do treinador e o cobriram de ‘post-its’: “Propus aos jogadores que, se ganhassem 5-0 na última jornada, poderiam fazer exatamente isso. Ganharam e foi isso que fizeram, à minha responsabilidade. O Dembelé tirou-lhe as
“QUANDO SE APERCEBEU FICOU FULO, NÃO ESTAVA A CONTAR, MAS DEPOIS ACABOU POR EMOCIONAR-SE”
chaves, o Salvador Agra trouxe-as e metemos o carro no relvado. Enchemos o carro com frases do que o Sérgio disse aos jogadores e que eles não gostaram. Quando se apercebeu ficou fulo, não estava a contar, mas depois começou a ler o que tinham escrito e acabou a emocionar-se. Sei que levou alguns ‘post-its’ com ele e fez um quadro. Trabalhei dois anos com ele a partir daí.”
“Ele arriscou tudo, ao fazer uma coisa inovadora no futebol nacional, algo que ninguém fazia”, concluiu Susana Torres.
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