Record (Portugal)

“METI O PÉ NA BOLA E PARECE QUE ALGO A LEVOU ”

Aos 37 anos, o angolano conquistou o primeiro título de campeão e foi decisivo ao marcar um dos melhores golos da carreira. O avançado do Torreense confessou que não treinou livres e que aquele foi um momento de inspiração

- PEDRO FILIPE PINTO

Agora mais a frio, o que é que este título significa para a sua carreira?

MATEUS – Ainda está muito fresco, a cidade ainda está em festa e eu ainda estou nesse clima. Estou a aproveitar estes dias, porque é a primeira vez que sou campeão. Já ando no futebol há muitos anos, sempre à procura disto e estou muito feliz e realizado. Nestes dias depois da final tenho deixado o carro em casa e andado a pé para sentir esse carinho das pessoas, tem sido muito bom.

Tem dado muitos beijinhos e abraços, então…

M – Todos os dias! Têm-me felicitado muito, pela vitória, pelo golo na final… Tem sido uma enorme demonstraç­ão de carinho por parte da malta de Torres Vedras.

Teve de esperar muitos anos para conquistar um título de clubes, ainda sabe melhor?

M – Sim, passei por muitas dificuldad­es,

“TINHA UM PAPEL COM OBJETIVOS NO ESPELHO DA CASA DE BANHO E DIZIA LÁ: QUERO SER CAMPEÃO DA LIGA 3”

por momentos em que achava que isto não dava para mim, que nunca iria jogar num sítio que me permitisse lutar por títulos, pairava sempre essa dúvida na minha cabeça. Mas como sou persistent­e, continuei e não fiz disso uma obsessão. Aqui no Torreense, acreditei desde início que íamos subir de divisão, mas o título de campeão foi a cereja no topo do bolo. Esta espera, os tropeções que tive, valeu tudo a pena.

E foi do pé direito de Mateus que saiu aquele golo espetacula­r. Aquilo é algo que se treina ou surge apenas nos jogos?

M – Treino livres, mas, por coincidênc­ia ou não, nem o fiz na semana passada, foi só penáltis. Mas normalment­e treinamos e, quando os bato, nem é assim, meto a bola por cima da barreira. O golo teve mais a ver com outra coisa. Quando acordo, levanto-me, vou à casa de banho e tinha um papelzinho no espelho com objetivos. O primeiro que tenho lá dizia ‘quero ser campeão da Liga 3’. ‘Eu sou o melhor jogador’, ‘eu sou um bom jogador’ e ‘eu acredito em mim’ eram as frases que eu tinha ali. Visualizav­a aquilo todos os dias e imaginava marcar golo. Estava tão confiante de que ia marcar que, na primeira parte o fisioterap­euta não levou a máscara com que eu costumo festejar os golos e eu ao intervalo disse para ele não se esquecer de a levar para o banco. Estávamos a perder, mas eu tinha a certeza de que ia marcar. Não sabia como, mas sabia. Naquele livre, a minha intenção nem era colocar a bola naquele ângulo, era rematar tão forte para que, se não entrasse, o guarda-redes defendesse para a frente e os meus colegas marcassem na recarga. Mas eu meti o pé na bola e parece que algo a levou. Saiu disparada.

Notou-se bem a sua felicidade depois daquele golo. Parecia que era o primeiro que marcava.

M – Eu sou muito feliz a jogar futebol e o golo é o expoente máximo. É o libertar de alegria para atletas e adeptos. Desde o primeiro que celebro assim os meus golos, com alegria e vontade. Este foi um golo muito bom, mas é assim que festejo sempre, também

quando os meus colegas marcam. É a vitamina do jogo, não há como celebrar, vês a loucura dos fãs e isso ainda dá mais vontade de festejar.

Quantas vezes já o viu o golo?

M – Algumas, porque a malta no Instagram identifico­u-me muitas vezes no vídeo. Percebi que a bola entrou num sítio que, normalment­e, só a consigo lá colocar em lances de bola corrida. Nunca tinha feito nada assim.

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