Record (Portugal)

Nottingham Forest: o lento despertar após a vida de Brian

- Filipe Alexandre Dias Editor executivo

Já ouviu a história do clube que foi mais vezes campeão europeu do que do seu próprio país?... Vale sempre contá-la e recontá-la. Falamos do Nottingham Forest, pois claro, o gigante inglês que está a uma semana de um dos mais importante­s duelos da sua longa vida, o qual o poderá devolver à Premier League 23 anos depois. Por falar em vida, a do Forest tem sido incrível, acidentada e difícil depois de outra vida. A de Brian. Brian Clough, um dos mais carismátic­os, desconcert­antes e espirituos­os homens do futebol, que orientou os reds e caminhou sobre as águas.

Fundado em 1865,

o Forest é dos mais antigos clubes de futebol à face do planeta. A seguir à sua fundação, o dia mais importante da sua secular existência não foi 16 de abril de 1898, quando o clube também conhecido por ‘tricky trees’ bateu o rival Derby County em Londres e conquistou a Taça de Inglaterra, seu primeiro título. Também não foi 6 de maio de 1959, quando o Forest voltou aos títulos e levantou a sua segunda FA Cup. Esse dia foi 6 de janeiro de 1975, quando o Forest, então na desolação do segundo escalão, contratou Brian Clough, um treinador que muitos achavam ter perdido a vocação de milagreiro.

O técnico incrível pegou numa equipa de farrapos e farroupilh­as e fez dela primeiro a melhor de Inglaterra e logo a seguir a melhor da Europa. A estrada A52 separa Derby de Nottingham. Antes, Clough tornara o Derby County, clube marginal e inexpressi­vo, campeão inglês e um portento com aspirações europeias. Mas as inclinaçõe­s polémicas e a egomania levaram-lhe a melhor e saiu depois de um ‘bluff’ que correu mal. Arrastou-se

no Brighton e chegou desacredit­ado ao também provincian­o Forest, atravessan­do a A52 nos 18 anos seguintes – nunca deixaria de viver em Derby.

Com pressa de ser estupendo,

o Forest tinha a mão mágica de Clough; o olho de lince do seu adjunto Peter Taylor; as luvas de Peter Shilton; o jogo feio de Kenny Burns, Larry Lloyd e John McGovern e o jogo bonito de Archie Gemmill, Martin O’Neill, John Robertson, Trevor Francis, Tony Woodcock e outros ilustres especialis­tas. Os reds subiram em 1976/77, foram campeões de Inglaterra em 1977/78 e bicampeões europeus em 1978/79 e 1979/80. Ainda há quem não acredite... Clough passou a ter o mundo (e o álcool) como adversário­s mas ainda refez a equipa: teve Van Breukelen, Stuart Pearce, Neil Webb, Des Walker e o seu filho Nigel, conquistan­do duas Taças da Liga. Mas o ouro já não reluzia. Clough sairia como chegara: com o Forest na segunda divisão.

Seguiu-se um mundo

de subidas e descidas, até à queda final em 1999, que o português Hugo Porfírio não driblou. Agora, o sonho de um retorno que se quer efetivo volta a emergir, mas há o fantasma de Clough sempre a pairar. Quem supera um milagreiro?... *

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