Os Díaz de ouro de Vitinha
O ONZE DO ANO DO LUDOPÉDIO INDÍGENA PERDEU, A MEIO DA ÉPOCA, O TRAÇO SURREALISTA DE LUIS DÍAZ, O JOGADOR MAIS CAPAZ DE ESTABELECER DIFERENÇAS. APESAR DO PAPEL ILUSTRE DE DARWIN, A DESEQUILIBRAR E A FINALIZAR, DE TAREMI, COMO ASSISTENTE OU NO ASSALTO AO ARCO RIVAL, OU DE OTÁVIO E DE SARABIA, DOIS MULTIFUNÇÕES BELICOSOS, NINGUÉM IGUALOU O RASGO SUBVERSIVO DE VITINHA, O MÉDIO QUE ATESTA A PREDOMINÂNCIA DO CÉREBRO SOBRE O FÍSICO NO FUTEBOL
Diogo Costa (FC Porto, 1999).
Agarrou a oportunidade que Sérgio Conceição lhe obsequiou na pré-epoca e furtou o lugar a Marchesín, o que também acabou por determinar a conquista da titularidade na Seleção. Incisivo no controlo da profundidade e com um extenso repertório na construção a diferentes distâncias, também evidencia solidez na proteção da baliza, ao conciliar reflexos rápidos, agilidade e qualidade posicional, além de se revelar concentrado nas saídas aéreas.
Porro (Sporting, 1999).
Bem mais do que um lateral, o espanhol é um ala-direito ofensivo e feroz no ataque à profundidade. Com uma disponibilidade física tremenda, distingue-se pela velocidade, pela agilidade e pela vertiginosa aceleração que imprime às ações de condução e de desmarcação, fomentando desequilíbrios. No úl- timo terço, alterna ações à largu- ra, em que busca cruzamentos, com incursões interiores, que procura epilogar com remates, adindo bons recursos na execução de bolas paradas.
Mbemba (FC Porto, 1994).
Em fim de contrato com os dragões, realizou a sua época mais consistente. Poderoso fisicamente e agressivo nos duelos, como também capaz de se impor no desarme e na antecipação, mesmo que possa aper- feiçoar o posicionamento e o tempo de entrada, não se escon- de na primeira fase de construção e assume riscos na construção e na condução. Mas a sua mais-valia ofensiva é a qualidade aérea que oferece a dar sequência a bolas paradas laterais.
Pepe (FC Porto, 1983).
A capacidade de liderança e o conhecimento profundo do jogo tornam-no, aos
39 anos, numa referência. Imperial no jogo aéreo, para se impor em duelos defensivos e ofensivos, não tem a velocidade de des- locação do esplendor da sua car- reira, mas continua a ser astucio- so na antecipação, dilacerante no desarme, e perfurante a assu- mir ações de condução e de cons- trução a diferentes distâncias.
Matheus Reis (Sporting, 1995).
Um dos jogadores que mais evoluiu no espaço de uma época. Lateral-ala esquerdo ou defesa-central pela esquerda, alia argu- mentos defensivos, na antecipa- ção e no desarme, com uma inegável capacidade para arcar ações de condução, de construção e de desmarcação, coligando velocidade e agilidade a atributos no passe e nos cruzamentos.
Uribe (FC Porto, 1991).
Tremendo a equilibrar defensivamente a equipa do FC Porto, pelo sentido posicional, pelo raio amplo de ação e pela belicosidade empregue na pres- são e nos duelos, o colombiano, de enorme disponibilidade física, destaca-se pela ferocidade no desarme, na antecipação e no jogo aéreo. Além disso, apresenta argumentos na construção, tirando partido dos seus argumentos no passe e na leitura de jogo, e na condução, além de ser agressivo na chegada a zonas de finalização.
Otávio (FC Porto, 1995).
Multifunções, capaz de atuar ao centro ou a partir das alas, entende soberbamente as especificidades do modelo de Sérgio Conceição. Reativo à per- da e feroz no desarme, é muito evoluído tecnicamente, o que lhe permite arcar ações de condução e de desequilíbrio, ao aca- salar qualidade no drible, agilidade, agressividade e aceleração. Com ótimos atributos na leitura de jogo e no passe, arroga, a partir de fases mais recuadas, um papel fulcral na construção, e, em fases mais avança- das, na criação, afiançando várias assistências para finalizações. Possui também predicados no remate e na execução de bolas paradas laterais.
Vitinha (FC Porto, 2000).
Não tem a preponderância de outros como finalizador ou assistente, mas é ele quem mais circunscreve o jogo portis- ta, elucidando o caminho para chegar com mais qualidade a zonas de criação e de finalização. Tudo passa pela forma como joga de cabeça erguida, pelo virtuosismo infindo na construção, na condução e na produção de desequilíbrios, adiantando cenários em busca da decisão perfeita. O que o guia a gerir e a manipular os momentos em que entrega a bola, sempre com a condição de facultar as melhores soluções para o penúltimo passe, para o último passe ou para a finalização, graças a uma competência no passe e na leitura de jogo superlativas.
Sarabia (Sporting, 1992).
21 tentos e 9 assistências em 45 jogos atestam a época insigne do espanhol emprestado pelo PSG. Unidade de ligação entre o meio-campo e o ataque, o canhoto atua preferencialmente a partir do corredor direi- to, de forma a buscar diagonais incisivas para o espaço interior, tanto em direção a zonas de cria- ção – cruzamentos (mais curtas) ou passes de rutura (mais largas) – como de finalização. Céle- re na execução e incisivo na decisão, além de ágil e veloz, gosta de arcar ações de condução e de desequilíbrio, adindo argúcia na desmarcação e facilidade no remate com o pé esquerdo, de dentro ou de fora da área – em bola corrida ou parada.
Taremi (FC Porto, 1992).
O caçador persa realizou uma época faustosa, bem atestada no registo de 26 golos e 17 assistências em 48 partidas. Capaz de atuar como referência ofensiva, segundo-avançado ou a partir da ala esquerda, é pressionante, agressivo na reação à perda e contundente no ataque à profundidade, com uma habilidade incomum para promover o choque. Arguto a movimentar-se a toda a largura do ataque, é tremendamente sagaz a associar-se através do passe, e desmarca-se com esperteza em direção a zonas de finalização, exprimindo, apesar de algumas intermitências na definição, elevado engodo pela baliza rival.
Darwin Núñez (Benfica, 1999).
Os 34 tentos – 6 deles na Champions – em 41 jogos metamorfosearam-no no fruto mais apetecido do mercado nacional por colossos da alta roda europeia. Referência ofensiva de grande mobilidade e robustez, atua a toda a largura da frente do ataque, ao combinar potência com belicosidade na condução e no um contra um, o que o leva a visar a baliza rival com remates vigorosos de pé direito na sequência de ações em que parte de posições exteriores – de preferência a partir do corredor esquerdo – em direção à área. Incisivo a desmarcar-se e a atacar a profundidade, é um especialista na perscrutação de contra-ataques e de ataques rápidos, até porque manifesta oportunismo, agressividade e poder de antecipação em zonas de finalização.