Record (Portugal)

“ESTOU PRONTO PARA DAR O SALTO”

Figura da subida do Rio Ave, o médio de 24 anos fez a melhor época da carreira e não quer parar. As duas lesões seguidas impediram voos mais altos pelo Benfica, mas já são passado

- TEXTOS ANDRÉ ANTUNES PEREIRA FOTOS DUARTE RORIZ

çUm título e uma subida pelo Rio Ave a jogar, marcar e assistir como nunca. Foi a melhor versão que se viu do Guga até hoje?

GUGA – Coletiva e individual­mente foi uma época muito boa. Tive mais golos, mais assistênci­as… Deveu-se muito ao trabalho que o míster Luís Freire teve comigo. O Rio Ave também permitiu algo que me faltava, dar seguimento ao meu jogo e evoluir. Tudo isso foi fundamenta­l para poder acabar a época e dizer que foi a melhor da minha carreira.

Luís Freire falou-nos muito recentemen­te dessa vossa relação. Quão importante tem sido?

G - Tenho que agradecer-lhe imenso. No início da época houve a possibilid­ade de eu sair, mas falou comigo e disse o que pretendia, que eu seria um jogador fundamenta­l para a forma dele jogar. Eu acreditei nisso e precisava de sentir um treinador que apostasse em mim. Digo a toda a gente que ter ficado no Rio Ave e poder trabalhar com o míster Luís Freire foi o melhor que me aconteceu. Deu-me coisas que faltavam ao meu jogo e que podem ser fundamenta­is para próximos desafios.

Depois do choque da descida no final da época passada, a subida sempre foi um objetivo assumido. Voltar à 1.ª Liga é um sentimento de missão cumprida?

G – O Rio Ave habituou-se a estar no topo do futebol nacional e a ir às provas europeias. Descer foi uma surpresa para toda a gente, mas um acidente de percurso. O clube teve o mérito de reestrutur­ar-se, escolher um grande treinador e juntar jogadores de grande caráter. Não só de qualidade, pois isso também havia na época passada e correu mal. Temos de dar mérito a toda a gente: jogadores, staff, direção... Todos trabalhara­m para um objetivo e foi um alívio. O Rio Ave tem de estar no topo do futebol nacional.

Quer dizer que o Rio Ave está agora mais e melhor preparado?

G – Criei uma grande relação com as pessoas que trabalham no clube e vi o que sofreram no ano passado. Isso marcou-me negativame­nte. E também fiquei com o objetivo de querer dar uma alegria a essas pessoas. Todas trabalhara­m para o mesmo e o Rio Ave está mais preparado para próximas adversidad­es que possam surgir. Se calhar até vai ficar mais forte com uma descida e a subida logo no ano a seguir...

Em dezembro perderam três jogos seguidos. Chegaram, em algum momento, a duvidar que a subida poderia não acontecer?

G – Foi um dos grupos mais unidos que apanhei, dentro e fora do campo. Não foi um momento fácil, com vários casos de Covid-19, muita gente isoladae o clube até teve de fechar as instalaçõe­s. Foram muitos jogos, muita sobrecarga, mas demos uma boa resposta. Quando perdemos com o Chaves surgiram algumas dúvidas, mas só de fora. Nós estávamos cientes do que éramos capazes. O treinador falou connosco e usou uma expressão que depois nos guiou, a do ‘sapo surdo’. Não ouvir o que diziam e focar no trabalho diário. Mesmo na reta final, com toda aquela expetativa, demos uma excelente resposta.

Como foi ser um dos capitães, com o Vítor Gomes e o Ukra?

G – Já inha sido capitão na formação, mas nos seniores é diferente. Há colegas mais velhos e com carreiras melhores que a minha. Propuseram-me para capitão e pedi conselhos ao Vítor Gomes. Não sentia ter voz de líder e este ano ganhei isso.Muitas vezes até era o primeiro a falar antes do jogo. Aprendi muito com a experienci­a do Vítor Gomes e também do Ukra, que muitos só conhecem pela faceta de brincalhão, mas é o primeiro a trabalhar. Cada um tinha as suas mais-valias e formámos um só capitão.

Tem contrato para mais duas epocas . O futuro vai passar pelo Rio Ave ou admite sair?

G – Deixo em aberto. Esta época melhorei o meu jogo em tudo. Se vier uma proposta boa para mim e para o clube, temos de analisar. Neste momento sinto-me preparado para dar o salto. Acho que é merecido, por tudo o que passei e por conseguir dar a volta. Trabalhei muito para atingir este nível e agradeço muito ao Rio Ave, que me permitiu ter continuida­de.

“NO INÍCIO DA ÉPOCA, O MÍSTER LUÍS FREIRE DISSE-ME QUE SERIA FUNDAMENTA­L E DEU-ME COISAS QUE FALTAVAM AO MEU JOGO”

O estrangeir­o é uma opção?

G - Sempre gostei das ligas inglesa e espanhola. A nível nacional há clubes muito interessan­tes, mas só troco o Rio Ave por um de top-4 ou top-5. Não é fácil chegar aqui e eu felizmente consegui.

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