A traça de Portugal
A supremacia do Porto na conquista da Taça foi tão evidente que deixou muitos dos habituais rivais do Porto sem capacidade de reação.
O Tondela, digníssimo finalis- ta da prova,
fez o que estava ao seu alcance, num plantel devastado pela descida de divisão. Houve respeito no Jamor de parte a parte.
Os adeptos conviveram entre si antes do jogo,
trocaram cachecóis após o desafio e as equipas fizeram guardas de honra merecidas uma à outra.
Pena é que entre os três grandes não haja atitudes similares
quando se defrontam entre eles. A cultura incutida por vários decreta uma “proibição” de aproximações entre todos.
Curiosas foram as ausências do Senhor Presidente da República e do Senhor Primeiro-Ministro.
O Professor Marcelo e o Dr. Costa, que tanto gostam de abraçar as festas populares e de aparecerem em diversas festas des- portivas, arranjaram agendas tão longínquas que jamais lhes permitiriam chegar a tempo à maior final popular que o desporto em Portugal possui. A vinda à Capital de milhares de portugueses pre- sentes na festa do futebol ditava outra receção.
Há qualquer coisa de muito estranho nesta atitude “acidentalmente” coordenada en- tre duas figuras maiores
do Estado português, eleitos com os votos de muitos Portuenses e das gentes de Tondela. Estes dois homens do futebol, o Professor Marcelo, um fervoroso adepto do Sporting de Braga e o Dr. Costa, um habitué do camarote Presidencial da Luz, e sempre presente nas comissões de honra de Luís Filipe Vieira, a cada candidatura.
Não seria preferível ter jogado em Coimbra ou Aveiro, em campos neutros,
poupando assim centenas de quilómetros e outros custos de deslocação, a milhares de adeptos desejosos de ver a sua equipa erguer tão admirado troféu?
Quem manda no País e na escolha do local destas finais, não pensa nas pessoas primeiro.
Preferem que tudo seja à porta de sua casa, que é mais fácil. A borboleta da traça destrói vários fatos e roupas nos armários. Parece que tal borboleta se instalou agora nas cortes da política e do futebol.
Comprem Naftalina que tudo se resolve. *