Record (Portugal)

O Vieira bom e o Vieira mau

OS BENFIQUIST­AS QUEREM QUE RUI COSTA ARRUME E, VERDADEIRA­MENTE, MATE O PASSADO. É EVIDENTE QUE VIEIRA É TÓXICO PARA PORTUGAL E PARA O BENFICA

- Rui Calafate Consultor de comunicaçã­o LEONOR PINHÃO

A obra de Luís Filipe Vieira no Benfica é visível, tem mérito, recuperand­o um emblema nas ruas da amargura para uma organizaçã­o profission­al e moderna. Mas faz parte do passado. Ponto. A tentação da eternizaçã­o do poder levou-o a confundir interesses pessoais com os do clube e foi essa a sua flecha envenenada que o levou à desgraça. Quando na trágica entrevista à CMTV diz que “o vieirismo é o Benfica”, é apenas uma reposição da célebre frase do Rei-Sol, Luís XIV, “l’état c’est mói”. E foi essa mistura da sua vida com o clube que ensombra o seu legado, pois as relações com a banca e os múltiplos processos judiciais que o assolaram, enlamearam acima de tudo o Benfica.

Vieira portou-se como um irresponsá­vel incendiári­o, deliciando os adversário­s com tal exposição das misérias e mazelas internas do emblema que dirigiu. Foi um Nero dos tempos modernos que deitou fogo a Roma enquanto tocava lira. Para lá da vingança sobre Rui Costa, afirmando-se “ma- goado”, provou que, pelo menos, gostaria de ser o ‘master of puppets’ dos encarnados através do seu herdeiro, que não lhe passa cartão e nunca mais falou com ele.

Só que foi visível que está com a mesma apetência de Marcelo Rebelo de Sousa, em 1996, no congresso do PSD em Santa Maria da Feira, quando este literalmen­te sibilou que não seria candidato a líder “nem que Cristo desça à Terra” e no dia seguinte era candidato e até ganhou o partido. Senão, seriam impossívei­s mortíferos dardos como os que disparou: “Em qualquer empresa quando um líder tem medo de um ex-líder não lidera nada” (frase relevante e que passou ao lado dos comentador­es pois ninguém re- parou até lerem estas linhas) ou “Rui Costa demora a decidir, ouve muita gente.” Aforismos assassinos para um jovem presidente vindos de um lobo mortinho para o apanhar no escuro de um bosque.

Como título escrevi o Vieira bom e o Vieira mau, apropriaçã­o daquela proclamaçã­o das mediocrida­des brilhantes da banca que, quando desfizeram o BES, disseram que havia um banco bom e um banco mau, do qual todos nós pagámos milhares de milhões da ganância de banqueiros e dinheiro fácil para um bando de empresário­s devedores de um mar de dinheiro, entre eles Vieira que ainda não percebeu que é ‘persona non grata’ na comunidade por causa disso e agora passou a ter o mesmo estatuto entre os benfiquist­as depois do mar de lama de dois dias de pouca vergonha na CMTV. Porque o Vieira bom é o que ele está sempre a puxar dos galões, o Vieira mau ele não consegue vislumbrar, prova máxima da sua cegueira.

Quando um líder é fraco cada sombra converte-se em ameaça. Vieira acumula essas assombraçõ­es na figura do único Adamastor de Rui Costa. Cabe ao actual presidente dar sinal de força e marcar o seu caminho. E pelo que a AG ditou, os benfiquist­as querem que ele arrume e mate o passado. Vieira é tóxico para Portugal e para o Benfica.

* Texto escrito com a antiga ortografia

VIEIRA FOI UM NERO DOS

TEMPOS MODERNOS QUE DEITOU FOGO A ROMA ENQUANTO TOCAVA LIRA

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