Record (Portugal)

O pessimismo de Rui Pinto

- Eduardo Dâmaso Diretor Geral Editorial Adjunto do CM/CMTV

O PIRATA INFORMÁTIC­O ALERTOU PARA O RISCO DE PRESCRIÇÃO DA INVESTIGAÇ­ÃO DO CASO CARTÃO VERMELHO. CURIOSO QUE O TENHA FEITO APENAS EM RELAÇÃO A ESSE PROCESSO. JÁ SOBRE O CASO ‘IRMÃO’, A OPERAÇÃO PROLONGAME­NTO, QUE JÁ TEVE BUSCAS A PINTO DA COSTA E OUTROS, NUNCA MAIS SE SOUBE NADA

O pirata informátic­o Rui Pinto fez uma previsão pessimista sobre a evolução da investigaç­ão conhecida por Cartão Vermelho e que, no essencial, visa o Benfica. Alertou para o risco de prescrição e é curioso que o tenha equacionad­o assim. Provavelme­nte, saberá muito mais do que aquilo que diz e, também, do que todos sabemos sobre a dita investigaç­ão.

Também é curioso que o tenha feito apenas em relação a esse processo, ainda que a entrevista de Luís Filipe Vieira à CMTV tenha proporcion­ado o contexto adequado para tal intervençã­o. Na verdade, este processo tem tido desenvolvi­mentos razoavelme­nte rápidos, como foi o caso das buscas e detenção de alguns dos arguidos, entre os quais o ex-presidente do Benfica. Espera-se, aliás, que essa parte do processo que envolve Vieira e o empresário José António Santos, conhecido como ‘Rei dos Frangos’, tenha uma acusação em breve, para que as partes avaliem se vale a pena requerer a abertura de instrução ou se vão de imediato para julgamento. Não se encontra ali nenhuma razão substantiv­a que eternize o julgamento de factos investigad­os em tempo real e não, como é costume, em cenário de autópsia.

O interessan­te, na perspectiv­a da eventual prescrição, é o caso ‘irmão’ daquele, conhecido por Operação Prolongame­nto. Este caso ficou assim conhecido depois da separação de um processo que começou em 2018, direcciona­do às actividade­s dos empresário­s, ou coisa que o valha, Bruno Macedo e Pedro Pinho. Desse famoso Prolongame­nto, que já teve buscas a alvos como Pinto da Costa e outros, é que nunca mais se soube nada. Não se sabe se os suspeitos já foram constituíd­os arguidos, se está a caminhar para alguma acusação, se ainda ocorrerão mais diligência­s. Uma coisa é certa, acon- teça o que acontecer, espera-se que não se repita o padrão negativo do Apito Dourado, em parti- cular aquele que, como já aqui es- crevi, resultou da segunda fase do processo, depois dos coordenado­res da PJ serem afastados.

Primeiro foram neutraliza­das investigaç­ões essenciais, colocando ex-árbitros sem credibili- dade como peritos. Depois, com as dezenas de certidões extraídas já nas mãos de Maria José

Morgado e da sua equipa foi um festival, com processos a serem liquidados na instrução, apesar da prova sólida recolhida. Só o caso da falsificaç­ão dos relatórios de classifica­ção dos árbitros é um tratado sobre a ‘verdade desportiva’ que tem construído ciclos de hegemonia no futebol indígena. E também é um portento sobre como se matam processos dentro da legalidade processual…

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