O pessimismo de Rui Pinto
O PIRATA INFORMÁTICO ALERTOU PARA O RISCO DE PRESCRIÇÃO DA INVESTIGAÇÃO DO CASO CARTÃO VERMELHO. CURIOSO QUE O TENHA FEITO APENAS EM RELAÇÃO A ESSE PROCESSO. JÁ SOBRE O CASO ‘IRMÃO’, A OPERAÇÃO PROLONGAMENTO, QUE JÁ TEVE BUSCAS A PINTO DA COSTA E OUTROS, NUNCA MAIS SE SOUBE NADA
O pirata informático Rui Pinto fez uma previsão pessimista sobre a evolução da investigação conhecida por Cartão Vermelho e que, no essencial, visa o Benfica. Alertou para o risco de prescrição e é curioso que o tenha equacionado assim. Provavelmente, saberá muito mais do que aquilo que diz e, também, do que todos sabemos sobre a dita investigação.
Também é curioso que o tenha feito apenas em relação a esse processo, ainda que a entrevista de Luís Filipe Vieira à CMTV tenha proporcionado o contexto adequado para tal intervenção. Na verdade, este processo tem tido desenvolvimentos razoavelmente rápidos, como foi o caso das buscas e detenção de alguns dos arguidos, entre os quais o ex-presidente do Benfica. Espera-se, aliás, que essa parte do processo que envolve Vieira e o empresário José António Santos, conhecido como ‘Rei dos Frangos’, tenha uma acusação em breve, para que as partes avaliem se vale a pena requerer a abertura de instrução ou se vão de imediato para julgamento. Não se encontra ali nenhuma razão substantiva que eternize o julgamento de factos investigados em tempo real e não, como é costume, em cenário de autópsia.
O interessante, na perspectiva da eventual prescrição, é o caso ‘irmão’ daquele, conhecido por Operação Prolongamento. Este caso ficou assim conhecido depois da separação de um processo que começou em 2018, direccionado às actividades dos empresários, ou coisa que o valha, Bruno Macedo e Pedro Pinho. Desse famoso Prolongamento, que já teve buscas a alvos como Pinto da Costa e outros, é que nunca mais se soube nada. Não se sabe se os suspeitos já foram constituídos arguidos, se está a caminhar para alguma acusação, se ainda ocorrerão mais diligências. Uma coisa é certa, acon- teça o que acontecer, espera-se que não se repita o padrão negativo do Apito Dourado, em parti- cular aquele que, como já aqui es- crevi, resultou da segunda fase do processo, depois dos coordenadores da PJ serem afastados.
Primeiro foram neutralizadas investigações essenciais, colocando ex-árbitros sem credibili- dade como peritos. Depois, com as dezenas de certidões extraídas já nas mãos de Maria José
Morgado e da sua equipa foi um festival, com processos a serem liquidados na instrução, apesar da prova sólida recolhida. Só o caso da falsificação dos relatórios de classificação dos árbitros é um tratado sobre a ‘verdade desportiva’ que tem construído ciclos de hegemonia no futebol indígena. E também é um portento sobre como se matam processos dentro da legalidade processual…