Record (Portugal)

Braga na berlinda

VENDA DE RICARDO HORTA AO SLB, LEGALIDADE OU IMORALIDAD­E NO NEGÓCIO DE DAVID CARMO COM O FCP E POSSÍVEL INTERESSE DO FUNDO SOBERANO DO QATAR, COLOCARAM MINHOTOS NA AGENDA MEDIÁTICA NACIONAL

- Luís Miguel Henrique Advogado

Nos últimos dias o Sp. Braga (SCB) tem estado na ordem do dia. ‘À La Mourinho’, António Salvador (AS) tem concentrad­o em si todas as atenções e holofotes, permitindo à equipa técnica e plantel o foco no trabalho.

O primeiro dos temas que tem trazido

o nome do SCB para as primeiras páginas, tem sido o negócio do ‘anda/não anda’ da venda de Ricardo Horta. Ora, sobre isto, pouco mais tenho para adiantar além do que aqui escrevi a semana passada. Apenas se confirma o ali escrito. Um segundo, mais sério, complexo e delicado, está relacionad­o com a venda de David Carmo ao FC Porto. A inclusão de cláusula de remuneraçã­o adicional associada à performanc­e desportiva coletiva provocou bastante celeuma, ao ponto de merecer um comunicado do presidente do SCB na defesa da operação e da própria honra.

Sério, porque põe-se em causa a verdade desportiva;

com- plexo, porque teremos de distinguir a análise estritamen­te legal da moral; e delicado, porque, uma vez mais, tende-se a mexer com relativa facilidade na honra e seriedade de jogadores, treinadore­s que, direta

DAVID CARMO? IDENTIFICO CONFLITO DE INTERESSES MORAL, MAS NENHUMA ILEGALIDAD­E

ou indiretame­nte, são ‘abocanhado­s’ por estes temas, como fosse possível venderem-se por ‘tuta e meia’. De forma resumida, entendo e identifico um potencial conflito de interesses moral, mas nenhuma ilegalidad­e existe na operação.

Por último,

o eventual interesse da “Qatar Sports Investment­s”

em comprar parte do capital social da SAD do SCB. Antes de mais, sobre o cui- dado e relevância política destes investimen­tos, remeto para o artigo escrito em outubro de 2021, sob o título “Sportwashi­ng - Quando os fins justificam os meios?”.

Sendo verdade que nos últimos anos

o SCB passou a estar na mira de potenciais investidor­es, julgo saber que a estrutura da SAD não está de momento interessad­a em nenhuma alteração estrutural. Mas se a determinaç­ão deste fundo soberano for realmente efetiva, haverá condições para bloquear uma eventual “OPA Hostil” (termo para quando a oferta não é solicitada, conhecida ou muito menos desejada pelo Conselho da Administra­ção da sociedade visada e por isso mal recebida)?

Segundo julgo saber

(peço desculpa se informação estiver errada) a estrutura acionista da SAD está repartida em 4 grandes blocos, em que o clube apenas detém 37%, estando o restante capital entregue à Olivedespo­rtos com perto de 22%, Sundown Investment­s (desconheço a identidade do último beneficiár­io – “UBO” – e de quem a controla) com 17% e restantes pequenos accionista­s com 24%. A existência de uma vontade de maioria e/ou Acordo Parassocia­l suficiente para bloquear um avanço daquele possível interesse, será o fator decisivo.

Para terminar,

estou curioso para ver a reacção de Francisco J. Marques à (correta) ação de relações públicas levada a cabo no recente ‘pequeno-almoço informal com jornalista­s’ protagoniz­ado pelo Sp. Braga.

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