Trincão, o mini-Futre
ESTE CANHOTO DE 22 ANOS TEM DETALHES QUE FAZEM LEMBRAR PAULO FUTRE, E TAMBÉM A SUA MAIOR PECHA NOS RECORDA ESSE GÉNIO DO PASSADO – A SUA RELAÇÃO DISTANTE COM O GOLO
OS DESEJOS DE RÚBEN AMORIM CONTINUAM A SER ORDENS, ENQUANTO O TÉCNICO LOGRAR TÍTULOS
Trincão vem reforçar o Sporting. Que Trincão poderá tornar mais forte um candidato ao título? Este canhoto de 22 anos tem detalhes que fazem lembrar Paulo Futre, e também a sua maior pecha nos recorda esse génio do passado – a sua relação distante com o golo. De Futre dizia o grande treinador Roy Hodgson, que era capaz de fintar vários adversários dentro de uma cabina telefónica, mas depois não encontrava a porta de saída. Nesta metáfora, o britânico elogiava uma capacidade de drible única, mas criticava alguma falta de obje- tividade perante as redes.
Até agora, Trincão é um pequeno Futre. Menos empolgante, com menor dimensão futebolística, mas com idêntica
dificuldade no momento de afirmação do remate.
O Sporting fez um grande esforço para trazer Trincão para Alvalade. Os desejos de Rúben Amorim continuam a ser ordens, enquanto o técnico lograr títulos e apuramentos diretos para a Liga dos Campeões. Também Trincão apostou no Sporting, ao investir na sua valorização mais de um milhão de euros de baixa salarial. Será interessante ver até que ponto Amorim
conseguirá trabalhar a cabeça do ala, de forma a tornar-se mais letal na frente da baliza. E também mais clarividente nos passes para golo, o que Paulinho muito agradecerá.
Uma coisa é segura, o futebol de Trincão pouco tem a ver com o de Sarabia.
Trincão é um driblador rápido e explosivo, Sarabia é lento e faz do toque para golo a sua principal arma.
Nota final - ainda sobre o escandaloso contrato entre presidentes de FC Porto e Sp de Braga tentarei rematar as minhas intervenções por ora, e até final do próximo campeonato:
ilustres mestres em Direito dizem não ver ilegalidade na cláusula que prevê reforço de pagamento do passe de David Carmo, caso o FC Porto seja campeão, numa competição onde disputa seis pontos diretamente com o Sp. de Braga. Doutrinam que é inética ou imoral, sim. Ilegal, não. Nesse caso, urge adaptar as normas à punição destas práticas. Que tenderão a entrar na moda. Porém, curvando-me perante o douto saber destas figuras, enquanto mui humilde jurista, não vislumbro nada neste polémico acordo que escape ao tipo previsto no artº 10 A, nº1, aditado em 2017, à Lei nº 50/2007. E aí, com esta tipificação, poderemos caminhar para um caso de corrupção desportiva, caso a relva o demonstre no seu esplendor. Se nada se fizer a bem da transparência no futebol, o embate entre os dois emblemas, na jornada 25, vai estar eivado de polémica, mesmo que não tenha sido essa a intenção consciente dos signatários do acordo.
Talvez a Procuradoria-Geral da República
pudesse pronunciar-se preventivamente sobre este tipo de contratos.