MP PEDE CONDENAÇÃO DE TODOS OS ARGUIDOS
Procurador considera provados crimes de Paulo Gonçalves, José Silva e Júlio Loureiro
O Ministério Público (MP) pediu ontem, na sessão de julgamento do processo ‘E-toupeira’, a condenação de Paulo Gonçalves, antigo assessor jurídico do Benfica, bem como dos outros dois arguidos, os funcionários judiciais José Júlio Silva e Júlio Loureiro. Depois de ouvido o perito da Polícia Judiciária, deu-se início no Campus da Justiça à fase de alegações finais, altura em que o procurador Luís Ribeiro comunicou entender estarem provados os factos e crimes de corrupção ativa e passiva, não fazendo referência a penas.
Paulo Gonçalves está acusado de aceder a informação privilegiada em segredo de Justiça pelo portal Citius e através do amigo e também arguido José Augusto Silva, ex-funcionário judicial de Fafe que alegadamente acedia de forma indevida a processos com o conhecimento de Júlio Loureiro, outro arguido. Estes seriam recompensados, em troca das referidas informações, “com convites para assistir a jogos do Benfica em bancadas privilegiadas do estádio, com oferta de vestuário do Benfica e produtos de merchandising”. O também jurista ter-se-á mostrado disponível para fazer tudo para garantir a “contratação do sobrinho de José Augusto como funcionário do museu do Benfica”.
Tiago Rodrigues Basto, advogado de defesa de Gonçalves, espera a absolvição: “Este processo é uma mão cheia de nada. A que título coparticipou Paulo Gonçalves? Estava ao lado dos outros arguidos a carregar nas teclas? Ou dizer-se que A pediu a Bé crime? Pedir nãoéco participar. Camisolas? Acontece em todo o lado. Paulo Gonçalves não teve nenhum comportamento anormal. Há uma amizade com estas pessoas que vem de trás. Só mentes que estão sempre à procura do crime é que veem em todas as condutas essas ideias malévolas.”
Paulo Gomes, representante de José Augusto Silva, e Rui Pedro Pinheiro, mandatário de Júlio Loureiro, pediram também uma revisão ao MP, sendo que o primeiro admitiu o cenário de uma condenação para sublinhar o caráter do funcionário judicial e a sua integração plena na sociedade, requerendo ainda que os crimes fossem considerados como crime continuado e não de forma isolada e separada.
O pedido de condenação dos três arguidos foi acompanhado pelo Instituto de Gestão Financeira e Equipamentos da Justiça (IGFEJ) e pelos antigos árbitros auxiliartes Bertino Miranda e António Perdigão, todos assistentes neste processo. Os dois terão visto expostos dados pessoais aos quais Paulo Gonçalves teve acesso, por meio da base de dados da Segurança Social. A leitura da sentença está marcada para 4 novembro (14h30).
*
ADVOGADO DO EX-ASSESSOR JURÍDICO DAS ÁGUIAS ESPERA ABSOLVIÇÃO. SENTENÇA VAI SER LIDA A 4 DE NOVEMBRO