ISOLADOS DO MUNDO
Invasão da Ucrânia deixou o futebol russo numa crise desportiva mas também financeira
No último sábado, 60 mil adeptos encheram a Gazprom Arena e viram o Zenit conquistar a Supertaça com uma goleada (4-0) sobre o Spartak Moscovo. Na Rússia – quase um universo alternativo –, tudo parece normal. Mas, quatro anos depois de ter sediado o Mundial’2018, o país está a caminho da ruína. A invasão da Ucrânia, orquestrada por Vladimir Putin em fevereiro, asfixiou e isolou a Rússia do resto do mundo. O desporto, claro, não fugiu à regra, com seleções, clubes e atletas russos banidos de praticamente todas as provas. O futebol continuou, ao contrário da Ucrânia, e houve apenas uma interrupção mínima na liga, com alguns jogos adiados.
Tudo prossegue como se nada fosse, com relativa segurança, até porque nenhum estádio ou centro de treinos foi atingido. Mas, por muito que se negue a realidade, a Rússia tem agora um grande desafio a nível desportivo… e financeiro. Com a perda de parceiros comerciais, as receitas diminuíram mesmo nos grandes clubes, alimentados por empresas petrolíferas. Não existe, portanto, outra escolha que não seja cortar no orçamento.
No início do ano, a FIFA anunciou que os jogadores estrangeiros a atuar na Rússia e na Ucrânia poderiam suspender os contratos até fim de junho, permitindo transferências sem que os clubes russos tivessem voto na matéria. Com a guerra sem fim à vista, o prazo foi estendido até 2023. Este isolamento trouxe consigo um impacto profundo e que levou a uma ‘fuga’ de jogadores na liga: começarão esta temporada um total de 102 não-russos, contra 162 aquando do início da última. Alguns estrangeiros optaram por permanecer, nomeadamente os sul-americanos do Zenit – Cassierra, ex-BSAD, trocou o Sochi pelo emblema de São Petersburgo e diz sentir-se bem na Rússia –, mas muitos saíram e deixaram os clubes de mãos atadas...
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