Record (Portugal)

“O que eu gosto é de ver o FC Porto a ganhar”

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Mesmo tendo saído do FC Porto, aceitará tratar jogadores do clube?

PA – Caberá a eles decidirem. Eu tenho a porta aberta, ficou uma relação de amizade com os jogadores e, portanto, naturalmen­te que cá estarei.

Ⓡ Já esclareceu que não injeta nada, mas, talvez por causa da ‘clubite’, houve quem levantasse suspeitas por os jogadores do FC Porto correrem tanto. O que gostaria de dizer a essas pessoas?

PA – Gostava de dizer que leiam, que procurem instruir-se mais e deixem de ser ignorantes. Nós temos uma energia dentro do corpo. É nossa. Sabe que é mais fácil criticar do que procurar aprender e nós vivemos num Mundo que é muito isto, é mais fácil dizer mal. Há outra coisa que eu faço, que é preparar os atletas para o jogo. Em dezembro dizia que só queria que FC Porto, Benfica e Sporting jogassem de três em três dias, porque nós íamos conseguir recuperar os jogadores e eles não. Disse que em janeiro íamos estar a cinco pontos de avanço no campeonato, mas ficámos a seis. Enganei-me por um. Tem muito a ver com isso. Aliás, para ter ideia, fiz 1.153 tratamento­s só em estágio aos jogadores, o que revela bem o trabalho que tive e desenvolvi com todo o gosto e grato pela confiança do míster, da administra­ção e, mais do que tudo, dos jogadores.

Ⓡ Disse uma vez, no Porto Canal, que não gostava de futebol, que só gostava do FC Porto. Isso entretanto já mudou?

PA – Fiz tantos amigos em quase todos os clubes, que também tenho que gostar do futebol. Mas, o que eu gosto é de ver o FC Porto a ganhar, sou portista, é um facto. Como profission­al trato toda a gente, mas quando vou para o meu lugar, para a minha cadeira de sonho, que é o meu ‘Dragon Seat’, quero que o FC Porto ganhe e que ninguém se aleije para não me darem trabalho.

Ⓡ Por falar em cadeira de sonho, foi André Villas-Boas quem o trouxe de forma efetiva para o futebol?

PA – Em termos oficiais sim, mas eu já trabalhava para o Lopetegui quando ele estava no FC Porto. Recuperei o Jackson, o Tello... Mas foi o André que teve a visão de tornar as coisas oficiais, de me convidar para o projeto dele na China. Eu já tinha casos em que o ajudei, quando ele esteve no Tottenham, e havia uma amizade. Sou um dos muitos amigos que ele tem. Posso dizer que foi ele quem me fez ser mais portista, percebe?

Ⓡ Como assim?

PA – Ele tem episódios muito engraçados, vou contar um, o André que me desculpe. Houve um ano em que me telefonara­m a pedir para tratar o Cardozo, o avançado que jogava no Benfica, e o André estava comigo no meu escritório. Atendi a chamada e ele estava a ouvir calado. Disse que não podia ir a Lisboa, para o Cardozo vir ao Porto e do Benfica diziam-me que pagavam para ir lá, mas eu não podia deixar aqui os meus pacientes e ir e ficaram de me ligar depois. Depois, o André diz-me: ‘Paulinho, tu nem penses, não vais tratar o Cardozo. Eu pago-te o mesmo que eles para tu não o tratares. Nem penses nisso, estamos numa fase complicada, não pode ser.’ Essa história foi engraçada, história do FC Porto, do portismo, da cadeira de sonho... Já vejo futebol, mas gostar mesmo é do FC Porto. E não tenho problemas de trabalhar com outras equipas, porque sou profission­al a 1.000 por cento. *

“FIZ 1.153 TRATAMENTO­S SÓ EM ESTÁGIO, O QUE REVELA BEM O TRABALHO QUE TIVE E QUE DESENVOLVI COM TODO O GOSTO”

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