“Portas ficaram abertas ...não fui um mau atleta”
Flávio Soares diz que a saída foi decisão dos dois lados, pois a renovação do plantel tinha de acontecer
Flávio Soares, mais conhecido por Zelão no meio voleibolístico, deixou o Benfica ao fim de 13 anos, e num jardim de Lisboa ‘recebeu’ a nossa reportagem, na companhia da família: a mulher Ju Oliveira, e os três filhos, Miguel, Pedro e David. “Foi uma decisão de ambas as partes. Já se vinha falando de uma renovação do plantel e mais cedo ou mais tarde tinha de acontecer, devido à idade de muitos jogadores, apesar de a equipa ter rendimento, ser competitiva, ter a hegemonia dos últimos anos. Informaram-me também que a equipa técnica não contava comigo para a próxima época”, disse-nos o jogador, de 39 anos, que não guarda qualquer mágoa por ser dispensado. “Não, de maneira nenhuma. Sabia que mais cedo ou mais tarde haveria mudanças no plantel. Durante a época também nos apercebemos de algumas coisas. Os atletas vivem destas situações. Cada final de época, é este stress, uns mais, outros menos, mas todos passam por isto”. Zelão deixa a Luz, mas os seus planos não passam por encerrar a carreira. “Estou a ver algumas propostas, algumas hipóteses, analisar se vale a pena aos 39 anos fazer uma mudança. Mas para já continuo a ser um atleta profissional”, frisou. “Penso que também fora de Portugal posso ainda render bastante, é também uma possibilidade”, acrescentou. Em Portugal, onde poderia jogar o central? “Houve conversas com algumas equipas, mas não mais do quer isso”. Da Fonte do Bastardo e ou do Sporting, perguntámos? [Risos] quando ouviu o nome do Sporting. “A Fonte Bastardo, não vou mentir, chegou a ser uma opção, mas não chegámos a acordo. Agora no Sporting, para já, não posso jogar”, explicou. Porquê? [Alguma hesitação na resposta]. “Tinha mais uma época de contrato com o Benfica, e acertei a rescisão, tendo ficado registado nesse acordo uma cláusula que me impede de jogar no Sporting”. Zelão sempre foi um dos jogadores, do universo dos pavilhões do Benfica, mais acarinhado pelos adeptos. Afinal foram 13 anos de convívio. E quem fica tanto tempo, não deveria continuar no clube, ainda que em outras funções, por exemplo, trabalhar junto dos jovens? “As portas estão abertas. Nos últimos anos houve efetivamente um investimento do clube na formação ao nível de cursos e eu também procurei fazer alguns, capacitar-me nessa área. O vice-presidente Fernando Tavares foi cinco estrelas, deixou-me a porta aberta. Se as tivessem fechado ao fim de 13 anos, era porque tinha sido um mau atleta, uma má pessoa, mas eu acho que não. Só tenho de agradecer-lhe e também ao presidente por terem deixado essa porta aberta”. *
O BRASILEIRO, DE 39 ANOS, AINDA SE SENTE CAPAZ DE CONTINUAR A JOGAR. SÓ NÃO O PODE FAZER NO SPORTING