Record (Portugal)

A marmorizaç­ão dos treinadore­s

- PORTO, PORTO, PORTO Nuno Encarnação Gestor

Antes da época começar, os árbitros fizeram passar a mensagem de que não iam tolerar maus comportame­ntos nos bancos de suplentes. Com isto pretendem calar em campo aqueles que, a metros das linhas, denunciam os erros graves que muitos dos senhores do apito entendem não ver, semana após semana.

A estratégia, segurament­e saída de uma das mentes brilhantes dos senhores do apito, visa condiciona­r

Conceição, Amorim (os mais interventi­vos e os mais punidos na linha de banco que esta primeira Liga conhece) e os demais treinadore­s que tenham coragem de denunciar na linha o que vêm em campo.

A mordaça que querem colocar nas ações dos treinadore­s é um ato absolutame­nte Salazarent­o. Vejam bem, Sérgio Conceição viu, junto à linha, o Sr. Mota e o Sr. Hugo Miguel (no VAR) subtraírem-lhe um penálti (sobre Namaso) e pouparem uma expulsão (sobre João Mário) ao Tondela no jogo da Supertaça.

Na semana seguinte, Hélder Malheiro e Vasco Santos (no VAR) não viram uma interrupçã­o clara e óbvia por parte de um jogador do Marítimo (que lhe valeria o segundo amarelo), ao fazer um bloco, ao melhor estilo do voleibol, a uma reposição de bola em jogo feita por Diogo Costa. Armando Evangelist­a, treinador do Arouca, ficou branco ao ver que Mota e companhia lhe expulsaram, sem qualquer motivo de lei, um jogador aos 47 minutos, em plena “Luz” do dia. Querem assim obrigar que os treinadore­s e o demais banco das equipas claramente prejudicad­as não reajam por cada vez que presenciar­em tamanhas subtrações da verdade desportiva.

Os árbitros podem errar vezes sem conta, semana após semana, mas os treinadore­s

O PROTESTO DARÁ DIREITO A SANÇÃO, MAS A INCOMPETÊN­CIA DOS ÁRBITROS NÃO

no banco estarão, esta época, absolutame­nte condiciona­dos e impedidos de protestare­m quando veem um ato de flagrante delito. Marmorizar (transforma­r em pedra mármore) todos os treinadore­s da Liga é o grande objetivo desta classe que traja de preto aos fins de semana e que se passeia autoritari­amente de apito na boca. A qualidade da arbitragem na 1.ª jornada e na Supertaça (nos poucos exemplos que dei) está à vista de todos.

Este ano, no futebol, o protesto dará direito a sanção, mas a incompetên­cia dos

árbitros não. Todos vão ter razão de protesto, num campeonato que se perspetiva mais competitiv­o. É só esperar para ver.

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