As diferenças (II)
É claro que, ao contrário dos seus rivais, a comunicação do Sporting tem variado em função das respetivas equipas dirigentes, atingindo o paroxismo conhecido com a anterior gerência.
Por outras palavras, não tem havido um fio condutor,
por uma razão óbvia, que tem a ver com a alternância do poder no Sporting, que contrasta com as permanências absolutistas na concorrência. Uma coisa é certa, mau grado sete presidentes neste século, o Sporting é, por norma, quem fala mais verdade aos sócios e adeptos.
Gostaria, não obstante, de analisar dois temas
que têm caracterizado o discurso do atual responsável máximo do Sporting, a saber Pinto da Costa e as claques. Faz bem Varandas em assestar as baterias na pessoa de Pinto da Costa? O que pretende com isso?
Par mim é claro que, nesta narrativa, não está em causa
o que Pinto da Costa é, outrossim aquilo que tem representado no futebol. Ele poderá ter sido ilibado na justiça por tecnicalidades, mas aquilo que disse e aquilo que fez está gravado e demonstra sobretudo o racional do poder que tem animado o seu percurso. Em qualquer cenário desportivo, Pinto da Costa teria sido rejeitado, mas em Portugal é branqueado com a ajuda de uma comunicação social reverente; que me lembre, há anos que ninguém lhe formula diretamente uma pergunta incómoda.
A prática de Pinto da Costa tem a ver com um futebol
que também e sobretudo se decide fora de campo, que invade metodicamente as tutelas, a organização, a disciplina e a arbitragem, arvorados em fatores adicionais de proteção, sempre que necessário e não têm sido poucas as vezes. Se dúvidas houvesse, o desfecho disciplinar das agressões e intimidações no Dragão, no célebre empate com o Sporting, ou seja, o caso emblemático dos ‘coletes azuis’, é disso prova cabal.
PINTO DA COSTA É O SÍMBOLO DE EM QUE O SPORTING NÃO SE REVÊ
Este é um estado de coisas com o qual o Sporting
não se pode conformar por duas razões, em primeiro lugar pelos seus valores e, em segundo, porque distorce a verdade desportiva. O Benfica tentou, desajeitadamente, replicar um sistema de infiltração global, mas, não só não teve competência, como o Rui Pinto lhe destapou a careca.
Ao Sporting restará soprar no apito as vezes
que for preciso e denunciar, sem medo, sempre que necessário e não vão ser poucas as vezes. Pinto da Costa é o símbolo de um certo futebol em que o Sporting não se revê e, por isso, bem faz Frederico Varandas em insurgir-se. O espaço não chega para o tema claques. Fica para a semana.