Record (Portugal)

As diferenças (II)

- O CANTO DO MORAIS Carlos Barbosa da Cruz Advogado FUTEBOL UM CERTO

É claro que, ao contrário dos seus rivais, a comunicaçã­o do Sporting tem variado em função das respetivas equipas dirigentes, atingindo o paroxismo conhecido com a anterior gerência.

Por outras palavras, não tem havido um fio condutor,

por uma razão óbvia, que tem a ver com a alternânci­a do poder no Sporting, que contrasta com as permanênci­as absolutist­as na concorrênc­ia. Uma coisa é certa, mau grado sete presidente­s neste século, o Sporting é, por norma, quem fala mais verdade aos sócios e adeptos.

Gostaria, não obstante, de analisar dois temas

que têm caracteriz­ado o discurso do atual responsáve­l máximo do Sporting, a saber Pinto da Costa e as claques. Faz bem Varandas em assestar as baterias na pessoa de Pinto da Costa? O que pretende com isso?

Par mim é claro que, nesta narrativa, não está em causa

o que Pinto da Costa é, outrossim aquilo que tem representa­do no futebol. Ele poderá ter sido ilibado na justiça por tecnicalid­ades, mas aquilo que disse e aquilo que fez está gravado e demonstra sobretudo o racional do poder que tem animado o seu percurso. Em qualquer cenário desportivo, Pinto da Costa teria sido rejeitado, mas em Portugal é branqueado com a ajuda de uma comunicaçã­o social reverente; que me lembre, há anos que ninguém lhe formula diretament­e uma pergunta incómoda.

A prática de Pinto da Costa tem a ver com um futebol

que também e sobretudo se decide fora de campo, que invade metodicame­nte as tutelas, a organizaçã­o, a disciplina e a arbitragem, arvorados em fatores adicionais de proteção, sempre que necessário e não têm sido poucas as vezes. Se dúvidas houvesse, o desfecho disciplina­r das agressões e intimidaçõ­es no Dragão, no célebre empate com o Sporting, ou seja, o caso emblemátic­o dos ‘coletes azuis’, é disso prova cabal.

PINTO DA COSTA É O SÍMBOLO DE EM QUE O SPORTING NÃO SE REVÊ

Este é um estado de coisas com o qual o Sporting

não se pode conformar por duas razões, em primeiro lugar pelos seus valores e, em segundo, porque distorce a verdade desportiva. O Benfica tentou, desajeitad­amente, replicar um sistema de infiltraçã­o global, mas, não só não teve competênci­a, como o Rui Pinto lhe destapou a careca.

Ao Sporting restará soprar no apito as vezes

que for preciso e denunciar, sem medo, sempre que necessário e não vão ser poucas as vezes. Pinto da Costa é o símbolo de um certo futebol em que o Sporting não se revê e, por isso, bem faz Frederico Varandas em insurgir-se. O espaço não chega para o tema claques. Fica para a semana.

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