Bernardo Silva de salto alto
Os ‘particulares’ não autorizam grandes ilações, mas o exercício que Portugal fez frente à Nigéria ajudou a alimentar o sonho de, finalmente, se apresentar numa grande prova como equipa dominadora e associativa. E com a valentia e a classe que deviam decorrer de um conjunto de jogadores talentosos como nunca se terá visto na nossa seleção. O 4x1x3x2 em que Otávio, Bernardo, Bruno Fernandes e Félix tinham liberdade para saltar estruturas garantiu a mobilidade e a velocidade de circulação que faltou noutros momentos. Seria bom que o selecionador metesse na cabeça que, mal comparado, Bernardo a pautar o jogo em terrenos interiores (em vez de andar a engalfinhar-se atrás do ala adversário) pode fazer por Portugal o que os saltos altos fazem pelas mulheres… A partir da ala, funciona melhor Otávio, que tem alma até Almeida e sabe tudo sobre o jogo, faltando talvez só encontrar o equilíbrio tático que dê liberdade a Bruno Fernandes sem que isso represente dificuldades acrescidas para o lateral direito. Será interessante também perceber o que está reservado para Vitinha.
O teste serviu ainda para demonstrar que um jogador com o dom raro de Félix tem de ser mais bem aproveitado. Até porque Cristiano vai ser, obviamente, titular com o Gana e pode ser o grande beneficiado de uma sociedade em que assuma o papel de finalizador e aproveite a mestria e o engenho de Félix. Mas, atenção, André Silva também passou no teste e não tem de ficar o jogo todo no ‘banco’.
As principais dúvidas são Rúben Neves (mais provável) ou William para a posição de ‘pivot’ e qual será o lateral esquerdo (Nuno Mendes tem um potencial incrível, mas precisa de estabilizar o). Por muito que Dalot dê garantias e tenha recebido elogios de CR7, seria sempre uma ideia peregrina abdicar do melhor lateral da história do futebol português (Cancelo).