LUSOS SEM DIREITOS LEVAM A ACUSAÇÃO
Sindicalista que representa funcionários consulares aponta dedo às condições no MNE
O Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) mantém no Qatar trabalhadores nas mesmas condições que outros imigrantes, que tanta atenção têm merecido a propósito do Mundial 2022. A acusação foi feita por Alexandre Vieira, secretário-geral adjunto do Sindicato dos Trabalhadores Consulares, das Missões Diplomáticas e dos Serviços Centrais do Ministério dos Negócios Estrangeiros (STCDE), deixando em declarações à Lusa: “É inadmissível para um país como Portugal, membro da União Europeia.” No Qatar, os três funcionários que trabalham na embaixada ganharam a companhia de mais dois trabalhadores, destacados da Dinamarca e da Rússia, para apoiar a comunidade portuguesa que ali se desloque para assistir aos jogos de futebol do Mundial 2022. Este propósito, porém, fica desde logo comprometido devido à greve decretada para os postos consulares, embaixadas, missões diplomáticas e centros culturais de Portugal no estrangeiro, de 5 de dezembro de 2022 a 12 de janeiro de 2023. A situação levou o sindicalista a revelar que, em Doha, os funcionários consulares e diplomáticos têm a mesma falta de direitos que os restantes trabalhadores imigrantes que tanta atenção têm despertado no âmbito do Mundial em curso. “Aquilo que está na comunicação social, que tem vindo a sair nos meios internacionais e mesmo nos portugueses, que os trabalhadores do Sri Lanka, da Índia, estão lá e são explorados e não têm seguro de saúde, nem direito de reforma, os nossos trabalhadores também não têm seguro de saúde, nem seguro de reforma”, referiu o sindicalista, prosseguindo: “O Qatar não tem segurança social. No Qatar, a saúde e a segurança social são privados.” “Se chega ao hospital porque está doente, partiu uma perna, porque caiu, se não tiver seguro, nem dinheiro, eles mandam-no embora, vá morrer noutro lado”, concretizou.
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“NÃO HÁ SEGURANÇA SOCIAL NO QATAR. QUEM NÃO TIVER DINHEIRO E PAGAR, MORRE”, ATIRA ALEXANDRE VIEIRA