Colher frutos
FERNANDO SANTOS MANTEVE A ESTRATÉGIA DO PRIMEIRO JOGO
Esperava-se um Uruguai destemido, a jogar olhos nos olhos, a fazer da luta a meio-campo uma das principais armas. A luta nos duelos, a ocupação dos espaços, a redução de tempo ao portador de bola e aos colegas próximos, seriam indicadores esperados. Portugal a adotar o mesmo sistema dos últimos dois jogos, a baixar um pouco a linha de pressão, mesmo assim alternando para tentar também ganhar a bola o mais à frente possível. [1]
Numa 1.ª parte em que a posse de bola pertenceu quase por completo a Portugal, foi de Bentancur a melhor chance para inaugurar o marcador. Diogo Costa foi superlativo. O Uruguai ia pressionando, curiosamente como Portugal pressionou o Gana, um jogador mais três atrás, em T, sobretudo no corredor central, atacando o lateral assim que a bola era para lá colocada. [2] A armada lusitana, ia saindo a jogar na zona defensiva ora com William a juntar se aos dois centrais ora Bernardo Silva, juntando se por um corredor lateral, nunca fazendo baixar Rúben Neves, nem o desviando do corredor central, a ser um autêntico pivot no meio-campo defensivo. Portugal ia perdendo bolas, que iam motivando o Uruguai em sair em transições ofensivas: bolas perdidas aquando a tentativa de mudar o centro de jogo. O Uruguai resolveu bem a dificuldade a construir desde trás, re- cuando dois médios. Bentancur foi mais uma vez, decisivo em ligar o jogo. Portugal dava sinais de cansaço no final da 1ª parte.
Na 2ª parte, Portugal ia utilizando o mesmo procedimento do jogo com o Gana: apostou nas transições ofensiva e defensiva para acelerar ou retar- dar o jogo. O Uruguai ia mudando as peças, abdicando de um jogador da defesa, posicionando De Arrascaeta na ligação com Cavani e Darwin. Passou a criar maior perigo, com um jogo aberto nos corredores, a atacar sobretudo pela direita. Fernan- do Santos colocou Rafael Leão no lugar de Neves, na tentativa de colocar em sentido esse lado, mas o jogo partia-se, havendo muito espaço na zona intermédia. Os sul americanos somavam situações de perigo. Demorou 13 minutos, até a tripla alteração de Santos, serenar o jogo, proporcionando a Bruno Fernandes marcar o segundo. É nos jogos confusos que ele se assume. [3]
Portugal foi sereno, foi coeso, mostrou união, e defendeu com 11. Assim a qualidade individual fica livre, e é muita. O nosso País pode continuar a sonhar.