Record (Portugal)

O melhor sorriso do Mundo

- KIKA NAZARETH jogadora do Benfica

çFoi na serenidade de Cristiano Ronaldo, na subtileza de João Félix e na alegria de Rafael Leão que Portugal selou a primeira vitória da nossa Seleção, na fase de grupos da maior competição do maior desporto do Mundo.

É difícil ficar indiferent­e ao sorriso de Rafael Leão, antes sequer de a bola ter entrado na baliza. Um sorriso que fez Portugal inteiro sorrir, também. E eu não sou exceção. Mas talvez tenha sorrido um bocadinho mais, ou de uma forma diferente, por saber o que é ter aquela sensação. A felicidade de saber que vai ser golo ante de a bola ter entrado na baliza. Saber que se vai contribuir para uma vitória tão importante. Ter a noção que toda a equipa vem a correr na nossa direção para festejar o golo. Sentir-se especial, naquele momento. É o que vai na cabeça de um jogador, no meu caso jogadora, num momento destes.

Estou a falar de um contexto de Mundial. Onde há, mas não devia haver, favoritos - e a Arábia Saudita e o Japão, fazem com que eu seja, ainda mais, apologista disso. O patamar é o mais elevado, as equipas são as melhores, a competitiv­idade é a maior… o que faz com que a probabilid­ade de errar seja maior.

Para quem está de fora do relvado, seja nas bancadas dos estádios no Qatar, seja no café com os amigos ou em casa com a mãe, deve ser frustrante ver o Ronaldo isolado a não marcar golo, o Bernardo Silva a falhar um passe, o Rúben Dias a perder um duelo ou o Diogo Costa a sofrer um golo. Deve, não, é! Eu que o diga, que por vibrar e sofrer (num bom sentido) tanto, na bancada ou em casa, grito quando algo mau acontece! E quando digo que “grito”, grito mesmo, num tom, por vezes, mesmo crítico. Fico chateada e irritada. (O que o futebol e o entusiasmo fazem às pessoas!!)

Mas não demoro muito a lembrar-me que é normal falhar! Mais do que perceber, também sei o que é quando não acontece e não se tem vontade de sorrir. Festejar um golo nosso é único. Ver um remate falhado também é. Mas, em ambos os casos, sei como é estar ali, no campo, não na bancada, a fazer o melhor que se sabe, pode e consegue. É fantástico, mas não é sempre perfeito. Quase nunca é. Por isso a festa é tão grande quando corre tudo na perfeição e se chega ao golo.

Eu sei que mesmo errando, às vezes, os 26 escolhidos por Fernando Santos deram, dão e vão continuar a dar tudo por eles e por nós! Para mim, hoje em dia, é impossível ver um jogo da Seleção só como adepta. Sinto o relvado, sinto o hino, sinto as cores da nossa bandeira! Sei o que eles sentem, claro que num contexto diferente. (Neste caso em concreto, seja a marcar, errar, sorrir ou não sorrir, quero muito saber o que é jogar num Mundial).

Aquele sorriso de felicidade de Rafael Leão é o sorriso de quem se diverte e é feliz a jogar futebol. Nem sempre se faz tudo bem. Vendo depois, nem sempre se fez o passe bem feito, o remate para o lado certo, mas só se tem aquela felicidade quando se faz o melhor que se sabe. E estes jogadores sabem.

É por isso que acredito que esta Seleção, que joga com um sorriso na cara, nos continuará a dar todas as alegrias do e pelo Mundo!

HOJE EM DIA É IMPOSSÍVEL VER UM JOGO DA SELEÇÃO SÓ COMO ADEPTA

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