Record (Portugal)

Máquina zero

- PORTO, PORTO, PORTO Nuno Encarnação Gestor

Julgava eu que a inquestion­ável vitória de Portugal frente ao Uruguai, que nos colocou nos oitavos do Mundial, elegendo-nos como uma das 16 melhores seleções da atualidade, alimentari­am a nossa semana para discutir as táticas e as opções do nosso selecionad­or nacional.

Mas a “barba ou cabelo?”, como antigament­e perguntava­m os barbeiros da praça aos lientes, tomou conta de tão meritória proeza.

Ronaldo reclamou um golo como seu, que afinal não foi. Se Ronaldo usasse um penteado à Couto ou Abel Xavier, esse golo teria sido atribuído de caras. Se fosse mais ousado e o estilo fosse o de Valderrama, a bola teria amortecido entrando com suavidade e em ‘slow motion’ na baliza do Uruguai.

Que mania esta dos jogadores cortarem o cabelo à máquina zero. Quantos golos se perderam até à data por seguirem tão gritante moda de um cabelo à recruta?

No meu tempo de liceu, no José Falcão em Coimbra (e onde Sérgio Conceição também andou, se a memória não me atraiçoa), existiam uns simpáticos amigos meus, punks de categoria, onde os cabelos ao estilo de estalagmit­es atingiam alguns centímetro­s em altura. Imaginem que jeito daria um avançado deste tipo?

Portugal jogou bem, deu mostras que tem uma equipa sólida e competente, mas, por vezes necessita de um abanão que só o banco pode dar.

A retirada de Rúben Neves, desnatando por completo o meio-campo, e a entrada de Leão foi um erro que por pouco não se revelou yrágico.

Fernando Santos demorou 13 minutos a perceber a asneira, mas emendou a mão com mestria ao colocar em campo de uma assentada Matheus Nunes e Palhinha. Espero que o próximo jogo lhe dê a coragem e a ousadia de colocar em campo tantos ativos que ainda não tiveram a sua oportunida­de.

O “Banco” de Portugal é um luxo tão grande que é um crime continuar imóvel como um depósito a prazo na altura de taxas baixas.

Não consigo entender porque é que Vitinha, Dalot, André Silva ou Ricardo Horta não tenham tido ainda um único minuto de jogo? Acho que o nosso selecionad­or pode e deve chamar a jogo não só estes, mas alargar o espetro a António Silva, João Mário, Palhinha, Matheus Nunes e Gonçalo Ramos.

A frescura física vai decidir muitos dos jogos neste Mundial tão condensado em tão curto espaço de tempo. Temos tudo para ganhá-lo.

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