Record (Portugal)

Sinais de esperança no Qatar’22

Acredito que a experiênci­a do Mundial e a forma como o Qatar se abriu ao exterior terão um impacto altamente positivo no país e na sociedade

- ANTÓNIO SALVADOR Presidente do SC Braga

Passaram-se duas semanas desde o arranque do Mundial e faltam duas semanas para a conclusão, oportunida­de para tentar vislumbrar aquele que será o legado do Qatar’22, sabendo que a narrativa que nos trouxe até aqui foi dominada por um enorme pessimismo quanto ao evento desportivo e por um imenso rol de acusações ao país eà organizaçã­o.

É inegável que estas duas semanas permitiram que das sombras tenha começado a emergir a luz e que o cepticismo tenha dado lugar à esperança. Desde logo no plano desportivo, que tem contrariad­o as piores expectativ­as. Os jogos têm sido competitiv­os, confirmand­o a qualidade de várias seleções e a valia de algumas surpresas que muito têm contribuíd­o para a riqueza da prova.

O nível organizati­vo é altíssimo, dentro e fora dos estádios, e apesar de várias tentativas de ridiculari­zação do público, a verdade é que os adeptos aderiram em massa, proporcion­ando as maiores assistênci­as desde o USA’94. Longe do Qatar, basta perceber que o jogo com o Uruguai bateu o recorde de audiência televisiva em Portugal para sublinhar que o entusiasmo está a contrariar os vaticínios e a provar o sucesso da organizaçã­o.

E se quanto ao jogo e ao que gravita em seu torno a mensagem é de esperança, também o foco que incide sobre as questões sociais permite uma visão optimista sobre o futuro do Qatar e da região. Tenho acompanhad­o as inúmeras intervençõ­es dos responsáve­is cataris em órgãos de comunicaçã­o ocidentais e delas extraio que não há temas tabu, mas também o reconhecim­ento de erros cometidos e de tomadas de ação que visam aproximar o país dos padrões civilizaci­onais que temos como referência. Acredito que a experiênci­a do Mundial e a forma como o Qatar se abriu ao exterior terão um impacto altamente positivo no país e na sociedade, fruto também de uma comunidade internacio­nal que está e deve permanecer vigilante, não só sobre o Médio Oriente, mas sobre todo o globo.

O que jamais podemos permitir, em nome do jogo que a dor amos,éad em onização do futebol através dos erros cometidos no passado por uma certa elite das suas instituiçõ­es.

Estou certo de que o Qatar’22 confirmará o desporto como uma das mais fortes correntes de mudança e progresso e confio que a enorme paixão dos cataris pelo futebol, que testemunho, será importante não apenas para a evolução do jogo, mas também para a afirmação do jovem país que já surge classifica­do pela ONU com um Índice de Desenvolvi­mento Humano muito alto.

Também a Seleção Nacional tem sabido contrariar os prognóstic­os mais tenebrosos, vincando a legítima esperança que nós, portuguese­s, devemos mais uma vez depositar nesta equipa. Seria uma honra para o SC Braga, numa nota mais pessoal, que o clube estivesse novamente representa­do em mais um grupo vencedor, tal como aconteceu no Euro’2016 e na Liga das Nações’2019.

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