O ESPAÇO ESTAVA LÁ MAS NINGUÉM O VIU
Derrota mais por omissão do que por erros. Equipa amoleceu com o tempo e ofereceu o golo fatal
Uma exibição pobre, marcada por deficiente interpretação daquilo que o jogo ofereceu e do que estava verdadeiramente em causa, levou a Seleção Nacional a uma derrota inesperada, perante adversário que, sendo inferior em quase tudo, se superiorizou naquilo que, para o caso, mais interessava: a atitude, o comportamento, o foco, a capacidade para gerir emocionalmente todas as contingências do duelo. Apesar da ausência de brilho e da escassa eficácia, Portugal deu sempre mostras de que pretendia vencer; a prova disso pode ser mesmo o lance decisivo, aquele em que de um canto a favor, já em tempo de compensação, a equipa se desposicionou por completo na tentativa de chegar ao golo, para sofrer a derrota em contra-ataque. À situação prévia favorável, Portugal juntou-lhe o golo madrugador de Ricardo Horta. Se o cenário em que o jogo se desenrolaria era benéfico à Seleção, a vantagem no marcador permitiu um conforto que se revelaria excessivo; a Coreia do Sul agiu como quem tinha de correr riscos para garantir a qualificação e isso colocou Portugal perante dificuldades que ainda não conhecera neste Mundial. A equipa de Fernando Santos atuou com mais tranquilidade, sem necessidade de estimular a circulação paciente que
HOMEM DO JOGO
Grande exibição de
SON, o mais categorizados sul-coreanos. Pode não estar no máximo mas, mesmo assim, é um desequilibrador. caracterizou os dois primeiros embates, isso porque o adversário lhe concedeu o espaço que então lhe faltou. A jogar com vantagem moral (apuramento garantido) e superioridade prática (a vencer desde os 5’), Portugal procurou equilibrar-se defensivamente (nem sempre o conseguiu) e encontrar resposta para consolidar o resultado em transições ofensivas que nunca saíram. Dir-se-á que as circunstâncias aproximaram a Seleção de um futebol com menos posse, levado a cabo na expectativa, à espreita de erros alheios ou de aproveitar uma oportunidade de transição rápida, apanhando o adversário descompensado. Na segunda parte foi visível que a equipa portuguesa ensaiou uma pressão alta, para evitar que a Coreia do Sul definisse bem os seus movimentos e procurar ganhar a bola em terrenos adiantados, para ferir o antagonista em zonas mais subidas. Nada disso foi conseguido. O espaço estava lá desta vez, mas a equipa desinteressou-se de encontrá-lo; amoleceu aos poucos e desperdiçou o tempo a travar as investidas coreanas. Para cúmulo das ironias, ainda ofereceu uma autoestrada a Son, que ofereceu a bola a Hwang Hee-Chan. Nessa altura já estavam nove jogadores nacionais à volta. Todos mal colocados, a ver o golo que os derrotou.*