Record (Portugal)

O ESPAÇO ESTAVA LÁ MAS NINGUÉM O VIU

Derrota mais por omissão do que por erros. Equipa amoleceu com o tempo e ofereceu o golo fatal

- CRÓNICA DE RUI DIAS

Uma exibição pobre, marcada por deficiente interpreta­ção daquilo que o jogo ofereceu e do que estava verdadeira­mente em causa, levou a Seleção Nacional a uma derrota inesperada, perante adversário que, sendo inferior em quase tudo, se superioriz­ou naquilo que, para o caso, mais interessav­a: a atitude, o comportame­nto, o foco, a capacidade para gerir emocionalm­ente todas as contingênc­ias do duelo. Apesar da ausência de brilho e da escassa eficácia, Portugal deu sempre mostras de que pretendia vencer; a prova disso pode ser mesmo o lance decisivo, aquele em que de um canto a favor, já em tempo de compensaçã­o, a equipa se desposicio­nou por completo na tentativa de chegar ao golo, para sofrer a derrota em contra-ataque. À situação prévia favorável, Portugal juntou-lhe o golo madrugador de Ricardo Horta. Se o cenário em que o jogo se desenrolar­ia era benéfico à Seleção, a vantagem no marcador permitiu um conforto que se revelaria excessivo; a Coreia do Sul agiu como quem tinha de correr riscos para garantir a qualificaç­ão e isso colocou Portugal perante dificuldad­es que ainda não conhecera neste Mundial. A equipa de Fernando Santos atuou com mais tranquilid­ade, sem necessidad­e de estimular a circulação paciente que

HOMEM DO JOGO

Grande exibição de

SON, o mais categoriza­dos sul-coreanos. Pode não estar no máximo mas, mesmo assim, é um desequilib­rador. caracteriz­ou os dois primeiros embates, isso porque o adversário lhe concedeu o espaço que então lhe faltou. A jogar com vantagem moral (apuramento garantido) e superiorid­ade prática (a vencer desde os 5’), Portugal procurou equilibrar-se defensivam­ente (nem sempre o conseguiu) e encontrar resposta para consolidar o resultado em transições ofensivas que nunca saíram. Dir-se-á que as circunstân­cias aproximara­m a Seleção de um futebol com menos posse, levado a cabo na expectativ­a, à espreita de erros alheios ou de aproveitar uma oportunida­de de transição rápida, apanhando o adversário descompens­ado. Na segunda parte foi visível que a equipa portuguesa ensaiou uma pressão alta, para evitar que a Coreia do Sul definisse bem os seus movimentos e procurar ganhar a bola em terrenos adiantados, para ferir o antagonist­a em zonas mais subidas. Nada disso foi conseguido. O espaço estava lá desta vez, mas a equipa desinteres­sou-se de encontrá-lo; amoleceu aos poucos e desperdiço­u o tempo a travar as investidas coreanas. Para cúmulo das ironias, ainda ofereceu uma autoestrad­a a Son, que ofereceu a bola a Hwang Hee-Chan. Nessa altura já estavam nove jogadores nacionais à volta. Todos mal colocados, a ver o golo que os derrotou.*

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 ?? ?? Golo madrugador que dimensiono­u a situação favorável de Portugal; exibição de Dalot; reação sul-coreana que levou à vitória.
Golo madrugador que dimensiono­u a situação favorável de Portugal; exibição de Dalot; reação sul-coreana que levou à vitória.
 ?? ?? Desinspira­ção coletiva de uma equipa muito mole; incapacida­de em tirar partido do espaço que o adversário concedeu.
Desinspira­ção coletiva de uma equipa muito mole; incapacida­de em tirar partido do espaço que o adversário concedeu.
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