Record (Portugal)

A EQUIPA DE SUÁREZ NÃO MERECIA ISTO

H Dois golos de Arrascaeta deram vitória aos sul-americanos, mas golo coreano estragou tudo

- GRUPO JOÃO SEIXAS

O apito inicial do árbitro poderia muito bem ter sido o som de um gongo de um combate de UFC, porque os primeiros minutos foram recheados de faltas e picardias. Jogadas rijas mas leais e que deixavam antever um jogo de emoções fortes. E foi isso mesmo que aconteceu. Muita raça e talento à solta do relvado e boas ocasiões para os dois lados. No Uruguai, Suárez e Darwin eram os homens que tentavam fazer mexer a equipa. O mais velho já bem longe da frescura de outros tempos, mas a superar essa lacuna de forma sábia e com um espírito guerreiro inabalável. O mais novo, com aquela falta de clarividên­cia que muitas vezes motiva críticas em Liverpool, mas sempre de olho na baliza. No Gana, a força física aliada a muita vontade de vencer e os manos Ayew a conduzir as operações, tentando servir Iñaki Williams da melhor forma. E foi mesmo dos ganeses a primeira grande oportunida­de. Aos 21’, penálti a castigar falta de Rochet sobre Andre Ayew e chance para inaugurar o marcador. Mas o vilão tornou-se herói e defendeu o penálti, dando novo ânimo aos uruguaios, que voltaram a meter a cabeça na partida e decidiram tudo ainda nos primeiros 45 minutos. Isto porque surgiu um outro herói – De Arrascaeta. Marcou dois golos, aos 26 e 32’, o segundo após uma jogada fenomenal de Darwin e Suárez, e levou a equipa para o intervalo com uma vantagem dificíl de contrariar.

Na segunda parte a coisa esmoreceu. O Uruguai tinha a missão facilitada e foi controland­o as investidas adversária­s com relativa tranquilid­ade. Até porque quem tem Valverde no miolo sabe que este é capaz de gerir com mestria os tempos de jogo e ‘congelar’ quando é preciso. E foi quando os uruguaios iam acalmando o jogo e os ganeses subiam no terreno com mais perigo que se ouviu algo no estádio que despejou um balde de água fria em todos os sul-americanos – a Coreia do Sul marcou o segundo. Palavras não descrevem a loucura que se instalou no estádio. Suárez, que tinha cedido lugar a Cavani, chorava no banco, os colegas tentavam ‘chuveirinh­o’ para a área em busca do golo que os classifica­ria e os adeptos em choque. Mas nada resultou e esta bela equipa ficou pelo caminho.

“SEMPRE DISSE QUE SAIRIA DEPOIS DO MUNDIAL. FOI O MEU ÚLTIMO JOGO COMO LÍDER DESTA FORMAÇÃO” OTTO ADDO, sel. do Gana

“AQUELE PENÁLTI NO JOGO COM PORTUGAL PODIA TER MUDADO TUDO. MAS AGORA DE NADA VALE FALAR DISSO” DIEGO ALONSO, sel. do Uruguai

E assim não voltaremos a ver Suárez, o mais inconforma­do, num Mundial. É um mouro de trabalho e lidera a equipa pelo exemplo, sempre em busca de mais uma finta e mais um lance de mestria, apesar dos pesados 35 anos. Merecia muito mais...

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TRISTE. Esteve nos dois golos de Arrascaeta e liderou. Saiu a chorar
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Dois golos inglórios mas que fazem de ARRASCAETA a grande figura do triunfo uruguaio num adeus triste ao Mundial.
HOMEM DO JOGO Dois golos inglórios mas que fazem de ARRASCAETA a grande figura do triunfo uruguaio num adeus triste ao Mundial.

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