O Mundial das oportunidades
Seleções de menor prestígio internacional têm mérito, revelam talento e conseguem resultados e exibições que surpreendem muitos adeptos
çNasceu atípico e vai acabar atípico. Este Mundial tem sido a afirmação do futebol a um nível mais global. Acredito que, depois deste torneio, nada será como dantes.
Acabou a fase de grupos
e nenhuma seleção conseguiu vencer todos os seus jogos. É verdade que alguns dos últimos resultados podem (e devem...) ser analisados perante a necessidade/possibilidade de algumas seleções rodarem os seus jogadores. Porém, essa explicação é curta e ignora o mérito que muitas seleções de menor prestígio internacional têm alcançado, através de resultados e de exibições que surpreendem muitos adeptos.
Não foi o meu caso:
como treinador, enquanto estive na Arábia Saudita, testemunhei a evolução do futebol nesta zona do Planeta. Talento sempre existiu, mas agora está mais acomodado ao profissionalismo e a novas metodologias que têm permitido essa evolução.
As seleções africanas, asiáticas, da Oceânia, da América do Norte ou do Médio Oriente têm tornado este Mundial num exercício total de universalidade do talento. E qualquer seleção melhor apetrechada pode ser uma das vítimas.
Aconteceu com Portugal,
frente a uma Coreia do Sul astuta, talentosa e solidária e até poderia ter acontecido frente ao Gana. E, ainda assim, ninguém se atreve a questionar o valor da nossa equipa. Portugal continua a beneficiar do estatuto de uma das melhores seleções deste Mundial, candidata à vitória final e para isso contribui uma miscelânea de talentos que é, verdadeiramente, indiscutível.
Mas, à imagem
do que tem sucedido com outras grandes seleções europeias, são vítimas de si próprias e da sua forte capacidade de importar talento para as suas ligas profissionais. É, sobretudo nesse contexto, que muitos dos talentos que se têm afirmado neste Mundial atuam e se desenvolvem.
A EUROPA ACABA POR SER VÍTIMA DA SUA FORTE CAPACIDADE DE IMPORTAR QUALIDADE
Este é o novo futebol
que a Europa patrocina, através das suas ligas, que têm impacto, depois, na forma como seleções de menor reputação conseguem obter grandes resultados. Este é o Mundial que confirma essa evolução e permite desenhar, no futuro, uma competição cada vez mais democrática, incerta e competitiva.
Também, porisso,
se exigirá à nossa seleção, agora no Qatar e no futuro, mais competência, mais talento e ainda mais compromisso. Entre todos, entre a Seleção e os seus adeptos!