Record (Portugal)

O Mundial das oportunida­des

Seleções de menor prestígio internacio­nal têm mérito, revelam talento e conseguem resultados e exibições que surpreende­m muitos adeptos

- JORGE SIMÃO Treinador

çNasceu atípico e vai acabar atípico. Este Mundial tem sido a afirmação do futebol a um nível mais global. Acredito que, depois deste torneio, nada será como dantes.

Acabou a fase de grupos

e nenhuma seleção conseguiu vencer todos os seus jogos. É verdade que alguns dos últimos resultados podem (e devem...) ser analisados perante a necessidad­e/possibilid­ade de algumas seleções rodarem os seus jogadores. Porém, essa explicação é curta e ignora o mérito que muitas seleções de menor prestígio internacio­nal têm alcançado, através de resultados e de exibições que surpreende­m muitos adeptos.

Não foi o meu caso:

como treinador, enquanto estive na Arábia Saudita, testemunhe­i a evolução do futebol nesta zona do Planeta. Talento sempre existiu, mas agora está mais acomodado ao profission­alismo e a novas metodologi­as que têm permitido essa evolução.

As seleções africanas, asiáticas, da Oceânia, da América do Norte ou do Médio Oriente têm tornado este Mundial num exercício total de universali­dade do talento. E qualquer seleção melhor apetrechad­a pode ser uma das vítimas.

Aconteceu com Portugal,

frente a uma Coreia do Sul astuta, talentosa e solidária e até poderia ter acontecido frente ao Gana. E, ainda assim, ninguém se atreve a questionar o valor da nossa equipa. Portugal continua a beneficiar do estatuto de uma das melhores seleções deste Mundial, candidata à vitória final e para isso contribui uma miscelânea de talentos que é, verdadeira­mente, indiscutív­el.

Mas, à imagem

do que tem sucedido com outras grandes seleções europeias, são vítimas de si próprias e da sua forte capacidade de importar talento para as suas ligas profission­ais. É, sobretudo nesse contexto, que muitos dos talentos que se têm afirmado neste Mundial atuam e se desenvolve­m.

A EUROPA ACABA POR SER VÍTIMA DA SUA FORTE CAPACIDADE DE IMPORTAR QUALIDADE

Este é o novo futebol

que a Europa patrocina, através das suas ligas, que têm impacto, depois, na forma como seleções de menor reputação conseguem obter grandes resultados. Este é o Mundial que confirma essa evolução e permite desenhar, no futuro, uma competição cada vez mais democrátic­a, incerta e competitiv­a.

Também, porisso,

se exigirá à nossa seleção, agora no Qatar e no futuro, mais competênci­a, mais talento e ainda mais compromiss­o. Entre todos, entre a Seleção e os seus adeptos!

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