Record (Portugal)

“RECORDAÇÃO? GOLO DO KELVIN”

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Caso surgisse a possibilid­ade, encaixaria neste FC Porto?

MANGALA - Não sei... Estou à procura de um clube. Será sempre um novo desafio. Não sei se encaixo ou não. Estou tranquilo e vamos ver o que vai acontecer.

Cruzou-se com Sérgio Conceição no St. Liège, em 2010/11. Ele era adjunto e acabara a carreira de jogador meses antes. O que é que mais se destacava nele?

M - O coração e a personalid­ade. Quando está em campo com a sua equipa, dá tudo. É trabalhado­r, de raça. Com uma mentalidad­e muito forte. Ele continua assim, a ter essa mentalidad­e, mas também as questões emocionais. Dá tudo, 100%, para ganhar e tenta transmitir isso.

E como era a relação dele com os jogadores?

M - Depende. Uma vez, ficámos cara-a-cara. Ele é competitiv­o, mas eu também. Quando faltava um jogador, ele jogava connosco. Mas, para mim, se estava a jogar, era um como outro qualquer. Houve uma entrada minha, ele ficou nervoso e estivemos ali cara-a-cara. Mas é normal. É o meu treino, tenho de jogar no sábado e vou dar tudo. Depois, estávamos bem. O Sérgio é mesmo assim e quer sempre ganhar.

E como explica o sucesso de Sérgio Conceição no Dragão? Além dos títulos, também devolveu a mística ao FC Porto?

M - O Sérgio quer jogadores com caráter, que deem tudo e que se esforcem. Por mais qualidade que tenham, terão de se esforçar durante a semana, a época ou um jogo, quando a equipa está a sofrer. Ele sabe tudo isso e tenta transmiti-lo à equipa. A importânci­a de estarem juntos, como uma família. O Sérgio é um homem de família e isso faz com que o FC Porto funcione bem.

O Mangala esteve três épocas no FC Porto, entre 2011 e 2014, e foi bicampeão. Qual a melhor recordação que tem desse período?

M - A minha recordação é: 93 minutos, golo do Kelvin. É a maior, ainda hoje. Por que há uma história. Estávamos a oito pontos e faltavam cinco ou seis jogos. Em Portugal, se Benfica ou FC Porto estão à frente com oito pontos, , acabou. E a dois jogos do fim, jogar com o Benfica, em casa… Sabíamos que havia hipótese de ganhar o título. Estávamos empatados, o Kelvin entra e faz aquele golo. Sentes logo que acabou!

Os dois títulos foram com Vítor Pereira. Quão importante foi o treinador na sua afirmação?

M - Tenho uma grande relação com ele, tratou-me muito bem. Vim da Bélgica com 20 anos. Ele preparou-me, muito tranquilo. Mostrava-me vídeos, quando não jogava, para preparar-me e estar bem quando começasse a jogar, para depois chegar a titular. Foi um processo. O Vítor Pereira conseguiu ganhar e adaptar jovens num plantel muito competitiv­o.

No verão de 2014 saiu para o Man. City por 45 M€ e tornou-se, na altura, no central mais caro do mundo. O negócio gerou polémica por ter ação de terceiros, algo que era proibido pela FIFA. Isso afetou-o de alguma forma? M - Não. Era algo normal em Portugal. As pessoas lá fora é que não sabiam. Mas o jogador só deve preocupar-se em jogar. A parte económica não tem nada a ver comigo. Entendo que muita gente tenha ficado espantada. Mas,pagarem 50 milhões ou 100 milhões, qual era a diferença?

Trabalhou com Guardiola em 2017/18 quando voltou ao Man. City, depois do empréstimo ao Valencia. Foi poucas vezes opção, mas é verdade que Pep fez querer ser treinador?

M - Sim. É algo que quero. Na minha carreira, vi e trabalhei com diferentes treinadore­s. Mas o Pep mostrou uma maneira totalmente diferente de treinar e gerir um grupo. E a partir daí eu disse para mim: “Vou ser treinador”.

Guardiola é mesmo diferente?

Para mim, é. Depois, as pessoas gostam ou não. Eu gostei, gostei muito. E percebi que quero ser treinador. Hoje há muita coisa que pode fazer-se no futebol. Estou convencido de que muito se pode mudar. O futebol está sempre em evolução e há muitos jogadores jovens. Quando eu tinha 17 anos, havia só 4 ou 5 jogadores com menos de 23, 25 anos num plantel. Hoje em dia são 12 ou 15 em 25. É positivo, chegam muito mais rápido à equipa principal e podem começar a jogar. Mas, por outro lado, não têm referência­s. Não têm um exemplo no balneário, de como abordar uma época ou um momento em que não estamos bem. Se fazem um mau jogo, não há ninguém para proteger. O jogador tem mais responsabi­lidade. Cheguei ao FC Porto e havia essas referência­s, cheguei ao Man. City com 23 anos e também havia. O Clichy, o Kolarov, o Yaya Touré…

E considera que o Manchester City foi o ponto alto da carreira?

M - Foi um dos pontos altos, sim. Mas também o FC Porto. Foram momentos em que acabei por ser chamado à seleção. No FC Porto, para o Mundial de 2014, e no Manchester City para o Europeu de 2016, que perdemos em casa, na final, contra Portugal. Foram estes os pontos altos da minha carreira. *

“GUARDIOLA MOSTROU-ME UMA FORMA DIFERENTE DE TREINAR E GERIR O GRUPO. A PARTIR DAÍ EU DISSE ‘VOU SER TREINADOR’”

“SÉRGIO CONCEIÇÃO? FICÁMOS QUASE CARA-A-CARA NUM TREINO DO STANDARD LIÈGE. FIZ-LHE UMA ENTRADA E FICOU NERVOSO”

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