Vamos lá acabar com as tretas
Lukaku perdeu quatro (!) oportunidades claras para evitar a eliminação da Bélgica. Cavani e Müller voltaram também para casa em branco. Lewandowski mal tocou na bola no duelo com a Argentina e foram precisos três penáltis para ele concretizar um, a minutos de apanhar o voo de regresso. E Hazard já era dado como ’desaparecido’ antes de chegar ao Qatar. Mas o ‘acabado’ é sempre o mesmo: Cristiano, claro.
Uma vez que a história do futebol não se apaga, como seguramente desejariam, o truque das almas inquietas reside no aproveitamento do mais simples soluço do capitão da Seleção. É disso exemplo a enternecedora frase que ele dirigiu – deixemo-nos de conversas para otários – a Fernando Santos, ao ser substituído na sexta-feira, e a que alguns ‘desperados’ se agarraram como as moscas ao mel. E houve, assim, um estúpido mas suculento assunto para todo o fim de semana!
Esse festival de coisa nenhuma repartiu o foco com a apagada exibição da Seleção
CRISTIANO NUNCA MARCOU PARA ALÉM DA FASE DE GRUPOS? POIS É AMANHÃ O DIA!
na partida que perdeu com a Coreia do Sul, e que o ‘komentariado’ tentou transformar num escândalo. Como se a gestão das expetativas e da manutenção das disponibilidades físicas que ainda restam após tanto esforço não tivesse contribuído, antes, para a derrota da Espanha frente ao Japão – que já havia vencido de igual modo a Alemanha, coisa pouca – e da França face à Tunísia. Ou, depois, para o triunfo dos Camarões sobre o superfavorito Brasil.
Retirada uma pequena parte dos holofotes de cima de Cristiano Ronaldo, ficou Fernando Santos à pega com o argumentário do costume. E que vai dos ‘erros’ na escolha dos titulares à insistência em táticas conservadoras, terminando na conclusão radical dos idiotas mais atrevidecos: o Engenheiro não percebe nada de futebol! Quanto às opções, eu também acho que devia ter atuado Palhinha no lugar de Neves, que era altura para dar oportunidade a Patrício, que Leão merecia entrar de início ou que Cristiano – que teve um desempenho modesto, valha a verdade – talvez pudesse ter jogado apenas 45 minutos. A asneira é livre.
Já acerca dos conhecimentos e da competência de Fernando Santos, salta a tampa às pessoas que se julgam normais ao ler e ouvir certos imbecis, que entendem tanto de futebo como de lagares de azeite, a bolsar as maiores enormidades sobre o trabalho de um homem cujo currículo fala por si. É doloroso e, pela minha parte, só me conformo por saber que ele tem o boletim de vacinas completo.
Ultrapassada que seja a Suíça – que nos derrotou há menos de seis meses e que tem a capacidade de meter no jogo uma velocidade com que vivemos mal – duvido que se possa levar igualmente de vencida a Espanha, a França ou a Inglaterra, o Brasil ou a Argentina. Podemos superar qualquer equipa com um ‘onze’ semelhante ao que iniciou o Mundial, agora ganhar a todos em tão poucos dias parece uma missão impossível. Mas não acreditar é proibido. E estando Cristiano a ser ‘acusado’ de nunca ter marcado em mundiais para além da fase de grupos – derradeira cavadela de minhocas – terá de seguir o caminho de Messi e de Kane, que já cumpriram os serviços mínimos. Amanhã é dia de acabar com as tretas: é o teu tempo, Cristiano, vamos lá, Portugal!