Record (Portugal)

O náufrago

APESAR DE TUDO, RUBEN AMORIM CONTINUA A SER UM BOM SEGURO DE VIDA. QUERO ACREDITAR QUE AINDA É A MELHOR SOLUÇÃO E NÃO UM PROBLEMA. A GRATIDÃO LEONINA DÁ-LHE CRÉDITO

- CURTO E FRACO. Rui Calafate Consultor de comunicaçã­o

Escrevo antes do duelo com o Midtjyllan­d onde se espera que o Sporting ganhe facilmente e daí parta para um final de época mais auspicioso, menos bipolar – a marca de água desta temporada que viu conviver o brilhantis­mo frente ao Tottenham, decepciona­ntes ‘performanc­es’, por exemplo, com Marítimo, Chaves ou Arouca e uma saída trágica da Taça de Portugal na Póvoa de Varzim – e que consiga recuperar o atraso face ao Sp. Braga para atingir a Champions, senão o equilíbrio desportivo e financeiro num futuro próximo será colocado em causa.

O náufrago do título

decorre de que há indícios perceptíve­is e demasiado evidentes do desnorte de Ruben Amorim que tiveram o seu clímax na contenda com o FC Porto. Ele pode justificar todas as opções porque tem conhecimen­to de causa, contudo, tenho a certeza que ele compreende que o adepto, o jornalista, o comentador, pode também questionar tudo. Ruben Amorim parece um náufrago que vai perdendo o controlo tanto na estratégia em campo, como na presença mediática onde se revelou um mestre.

No campo, qualquer adepto temeu o pior quando viu Nu- no Santos no banco,

ele que é hoje um dos esteios da equipa; Trincão que teima em não deslumbrar e foi lançado com uma amigdalite; Bellerin sem rotina e rebentado aos 50 minutos; Esgaio queimado vivo em menos de 15 minutos, isto só no domingo. Sem falar do mau planeament­o 2022/23 já reconhecid­o, em que só se arranjou uma alternativ­a a Paulinho em Chermiti; 9,5 mi- lhões gastos num central, St. Juste, vindo do Mainz onde fez 8 jogos após lesões e parece ser atreito a essas lesões na mesma; uma ‘grande descoberta’ do ‘scouting’, Sotiris, que nem no banco se senta; já sem falar do mistério num clube sem dinheiro com os 10 milhões esbanjados em Ruben Vinagre.

Fora de campo Ruben Amorim não está a carburar bem.

É um erro repetir “ad nauseam” que se vai embora sem receber indemnizaç­ão ou o cúmulo de afirmar que “nem a Liga Europa salva a época”. Ê que salvava mesmo,?pela alegria da conquista, pelo prestígio e porque o vencedor tem acesso directo à Champions. E assim se constata que o treinador tem perdido frieza na análise e lucidez na mensagem. Dizia o escritor Amyr Klink que “o pior naufrágio é não partir”, ora, nenhum sportingui­sta deseja que um dos seus melhores treinadore­s dos últimos 30 anos bata com a porta, pelo contrário, quer é que ele regresse ao melhor de si, à sua liderança carismátic­a e à sua inteligênc­ia emocional.

O plantel está mais curto e fraco.

Matheus Nunes, Porro (ambos bem vendidos financeira­mente) e Palhinha fariam toda a diferença. Porém, é verdade que a união e a força moral do grupo de trabalho que foram couraças no passado parecem agora em escombros. É preciso ganhar rapidament­e para voltar a confiança e a tranquilid­ade. E da administra­ção da SAD é necessária racionalid­ade e não oscilar no caminho traçado. Sob pena do Sporting voltar a entrar em carnavais eleitorais. É que, apesar de tudo, Ruben Amorim continua a ser um bom seguro de vida. Quero acreditar que ainda é a melhor solução e não um problema. A gratidão leonina dá-lhe crédito. * Texto escrito com a antiga ortografia

O PLANTEL ESTÁ MAIS NUNES, PORRO E PALHINHA FARIAM A DIFERENÇA

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