Indefinição indigna Inês Henriques
Inês Henriques, campeã e recordista mundial dos 50 km marcha, insurgiu-se contra a indefinição do programa da sua disciplina nos Jogos Olímpicos de Paris’2024. “É grande falta de respeito para com os atletas que trabalham todos os dias sem saber para quê.
Já se ouve falar em alterações no formato da marcha há imenso tempo. Deviam aprovar alguma coisa para não andarem mais uma vez a brincar com as nossas vidas ”, lamentou à Lusa Inês Henriques.
A atleta do Clube de Natação de Rio Maior, de 42 anos, queria terminar a carreira nuns Jogos Olímpicos, mas os rumores de que a prova pode incluir uma estafeta mista, com a distância da maratona, pode acabar com o seu objetivo. Há troca de propostas entre a World Athletics e o Comité Olímpico Internacional (COI) envolta em polémica e sem acordo à vista entre as entidades. A menos de ano e meio de Paris’2024, os atletas ainda não sabem ao certo para que prova, que distância e que tipologia (a solo ou com equipas, mistas ou não) terão de preparar, nos treinos e nas provas, para alcançar mínimos de qualificação. A Federação (FPA) mostra-se “preocupada” pela proximidade de Paris’2024, mas está crente de “que se encontrará rapidamente uma solução” que possa conferir à prova “dignidade desportiva”, disse à Lusa uma fonte oficial da FPA.
Inês Henriques chegou a lutar nos tribunais, sem sucesso, pela inclusão dos 50 km marcha no programa feminino dos Jogos de Tóquio’2020 e agora receia que a marcha seja vista, mais uma vez, de forma negativa. “Disse ao meu treinador: ‘Isto vai dar bronca e nunca mais vai haver marcha nos Jogos’”, considerando que está a ser esquecida a origem da marcha: “Uma prova mista é uma brincadeira para com os atletas.” Inês Henriques não se conforma: “É complicado sairmos para a rua e motivarmo-nos sem sabermos o futuro. Quando foi a tentativa de introdução nos Jogos dos 50 km femininos, disseram que uma alteração tinha de ser com três anos de antecedência. Estamos a menos de ano e meio dos Jogos. Pior que não ter uma resposta é ter uma indefinição. Mais vale dizerem ‘é assim’, e definimos a nossa vida. É muito doloroso.”
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