Record (Portugal)

ACUSADOS DE FRAUDE FISCAL E FALSIFICAÇ­ÃO

Ministério Público aponta o dedo a Vieira, Moreira e Domingos, que continua na SAD

- PROCESSO SACO AZUL SÉRGIO KRITHINAS

O Ministério Público (MP) acusou Luís Filipe Vieira, Miguel Moreira e Domingos Soares de Oliveira de três crimes de fraude fiscal qualificad­a e mais 19 de falsificaç­ão no âmbito do processo ‘Saco Azul’. Os dois primeiros já deixaram a Luz, mas Soares de Oliveira mantém-se como admnistrad­or e co-CEO da SAD. De acordo com o despacho de encerramen­to de inquérito do procurador Hélder Branco dos Santos, a que Record teve acesso, foram igualmente acusados a Benfica SAD e a Benfica Estádio, bem como a Questão Flexível, empresa à qual o Benfica faria pagamentos por serviços de informátic­a não prestados, e os seus responsáve­is, com o dono José Bernardes à cabeça – foi acusado de quatro crimes fraude fiscal, 34 de falsificaç­ão de documento e um de branqueame­nto. Segundo a acusação, no verão de 2016, Luís Filipe Vieira engendrou um plano “com o fim de fazer sair dinheiro das contas bancárias da Benfica SAD e Benfica Estádio sob a forma de pagamentos [à Questão Flexível, uma pequena empresa de informátic­a que emitiu várias faturas por serviços fictícios] e fazê-lo regressar à posse das mesmas, sob a forma de numerário”.

O tal plano, diz o MP, foi dado “a conhecer (...) ao arguido Miguel Moreira”, que envolveu depois José Bernardes. Este “receberia o montante correspond­ente a 11% sobre o valor líquido de cada fatura emitida, valor que foi acordado diretament­e com Miguel Moreira, e a parte restante (89%) seria restituída, sob a forma de numerário às sociedades Benfica SAD e Benfica Estádio”. Vieira acabaria também por dar “a conhecer o plano” a Domingos Soares de Oliveira, administra­dor da SAD, que era necessário para “vincular contratual­mente (de forma aparente) as sociedades arguidas”. No total, saíram dos cofres do Benfica 1,650 milhões de euros.

Já depois de uma série de levantamen­tos, o banco Eurobic exerceu o dever de abstenção e recusou aceder ao pedido de levantamen­to feito por José Raposo, outro dos arguidos do processo, que pretendia levantar 250 mil euros em dinheiro. A 3 de agosto de 2017, o Eurobic comunicou os factos à Unidade de Informação Financei

INVESTIGAÇ­ÃO COMEÇOU QUANDO BANCO RECUSOU LEVANTAMEN­TO DE 250 MIL EUROS EM DINHEIRO

ra da PJ e ao DCIAP.

José Raposo ”justificav­a as transferên­cias recebidas na conta com um contrato de prestação de serviços celebrado com o Benfica e os levantamen­tos em numerário, por via de cheque, com a necessidad­e de proceder ao pagamento de faturas ao fornecedor CAPINVEST, empresa sediada em Dakar, e por esta não ser titular de conta bancária em Portugal”. Porém, “nunca forneceu ao banco o contrato de prestação de serviços celebrado com o Benfica, nem quaisquer elementos contabilís­ticos que refletisse­m essa relação en

tre as duas empresas, tendo invocado razões de confidenci­alidade”

Contas feitas, o MP considera que o Estado teve um prejuízo de cerca de 585 mil euros, referentes a valores não pagos de IVA e IRS, que são agora exigidos a todos os arguidos.

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VISADOS. Soares de Oliveira e Luís Filipe Vieira, bem como Miguel Moreira, estão na mira do Ministério Público
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