Desafios políticos
PEDRO PROENÇA TORNOU-SE UM POLÍTICO PROFISSIONAL DO FUTEBOL E É ÓBVIO QUE O CARGO QUE MAIOR HONRA LHES TRAZ SERÁ O DE PRESIDENTE DA FPF
A propósito da Cimeira de Presidentes, nada como por vezes revisitar o passado para compreender melhor o presente e assim ajudar a antecipar um pouco do futuro.
Fez recentemente 2 anos que aqui escrevi um artigo intitulado “Pedro Proença e a Liga – O futuro imediato em 4 passos”, em que elencava os 4 grandes desafios exequíveis que esta Direção da Liga teria pela frente: 1. Contratação de um novo patrocinador; 2. Centralização dos direitos te- levisivos; 3. Alteração do quadro de licenciamento dos SADs; 4. Um novo modelo de ‘governance’ da Liga.
Ora, com exceção de um conjunto de outros objetivos mais esdrúxulos, onde pontificavam temas como a alteração do regime fiscal dos futebolistas profissionais, o combate à pirataria televisiva e a união política no futebol português, ninguém poderá negar que Pedro Proença e seus pares conseguiram alcançar ou lançar as bases da maior parte dos objectivos mais realistas e tangíveis deste mandato.
Apesar de continuar a faltar ao futebol profissional português um novo modelo de governação que desenvolva uma equipa de gestão não só profissional e competente como a que existe hoje, mas mais independente e funcionalmente autónoma, Pedro Proença tem toda a legitimidade para querer concluir os objetivos que ainda vão a meio.
O único problema para a sua conclusão será a porta que já se entreabre na Federação Portuguesa de Futebol (FPF) com vista para o ato eleitoral de 2024 (caso Fernando Gomes se aguente até lá) e a ten- tação que tal cargo carrega.
Ao assumir o cargo de Presidente da LPFP, Pedro Proença tornou-se um político pro- fissional do futebol e para es- tes, é óbvio, que o cargo que maior honra lhes traz, é com certeza o de Presidente da FPF.
Tenho para mim que Fernando Gomes veria com muito melhores olhos uma sucessão interna como a de José Couceiro, pessoa séria, extremamente competente, com muito mundo de futebol e com obra feita na própria FPF.
Só que, infelizmente, para este ou para qualquer outro candidato ‘interno’, o processo atabalhoado e continuamente tratado com os pés referente aos contratos dos seleccionadores Fernando Santos e Roberto Martínez, acabou por contaminar por completo uma qualquer candidatura de qualquer quadro da atual equipa de Fernando Gomes.
A mais recente notícia do ‘Expresso’ de que a FPF continua a fazer tábua rasa da Lei e das directrizes de organismos públicos como a Comissão de Acesso aos Documentos Administrativos (CADA), ao continuar a recusar-se a cumprir o dever de partilhar os contratos e demais documentação conexa, apenas mostra que a ‘pseudo-disponibilidade’ para prestar esclarecimentos aos deputados na Assembleia da República não só foi uma rábula teatral personificada por Fernando Gomes, como e principalmente, de que a mais importante e relevante federação desportiva portuguesa precisa rapidamente ao comando dos seus destinos, gente que além de competente, seja também intelectualmente séria e honesta.