“Continuo irrequieto e inconformado”
Abriu horizontes ao treino e lançou o ciclo de ouro do futebol português
Carlos Queiroz faz hoje 70 anos, na mesma altura em que cumpre 40 de carreira. Está de parabéns o homem que abriu horizontes ao treino e deu ao futebol português as bases que permitiram solidificar o edifício que elevou a Seleção a potência mundial. Nos anos 80 adiantou-se ao tempo, aplicou a ciência ao treino, deu uma lupa mais sofisticada à preparação das equipas e teve resultados. Quando conduziu a Geração de Ouro à conquista de dois Mundiais de sub-20, em 1989 e 1991, Queiroz não estava apenas a conseguir um êxito inédito; estava a dar futuro a um futebol de presente inseguro e passado com sucesso muito relativo. Hoje, o Professor, como ficou celebrizado pelos seus jogadores, mantém a paixão pelo futebol. Como afirma numa entrevista ao site da federação do Qatar, é ela que “continua a ser a chama que arde, a fonte que me entusiasma e motiva a acordar todos os dias na procura de melhorar”. “Continuo inquieto e inconformado como desde o primeiro dia”, acrescenta. Sobre a nova etapa da vida, sente “a gratidão pela confiança em mim depositada”.
Para Carlos Queiroz, o futebol evoluiu com o tempo, a começar pela própria relação mantida com os jogadores: “No princípio treinavam-se heróis ingénuos e românticos. Depois começámos a chamar-lhes profissionais. Mais adiante começámos a treinar milionários.”
Nesta fase de balanço, destaca três momentos que definiram a sua carreira: o Mundial de 1966, o trabalho de observação de adversários para o inesquecível Brasil de 1982 e a vitória no Mundial de sub-20, em Riade. Mas o maior destaque neste período de memórias é outro: “O marco mais importante da minha vida é o meu pai, também ele jogador e treinador de futebol. Não tendo sido capaz de ter sido melhor jogador do que ele, sobrou-me tentar ser melhor treinador. Não consegui nem uma coisa nem outra. A ele devo tudo e a ele dedico tudo.”
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