Record (Portugal)

Destino para cada vez mais atletas europeus

- FÁBIO LIMA

SUÍÇO JULIEN WANDERS DEIXOU O SEU PAÍS HÁ 8 ANOS, APAIXONOU-SE PELO QUÉNIA E POR LÁ VIVE DESDE ENTÃO

Em Iten, o portal na entrada da cidade não engana. ‘Home of Champions’. A casa dos campeões. É daqui que saem alguns dos melhores do Mundo. E é para aqui que se mudam alguns atletas de outros continente­s em busca de ganhos marginais provocados pela altitude e também pela experiênci­a de treinar com os melhores dos melhores. O suíço Julien Wanders será provavelme­nte o mais famoso nome desta nova tendência. Foi para Iten há oito anos, apaixonou-se pelo país e é ao Quénia que chama de casa desde então. E até se vai casar com uma queniana em breve. Oito anos deram-lhe muitos resultados e também mudaram a sua mentalidad­e. “Até vir para cá não sabia o que era o trabalho de equipa. Aqui percebi que é isso que te faz evoluir. Não tens de puxar todos os dias, mas sim ajudar hoje e amanhã és ajudado. Não apenas no treino, mas também na vida. Às vezes alguns deles têm dificuldad­es e temos de ajudá-los com alguma comida. Gosto de ajudá-los a longo prazo. Tento colocá-los em provas na Europa, para que possam ter uma carreira. É algo pequeno, mas se eles me ajudam eu posso ajudá-los”, assume.

Um ambiente único

Além dos casos como Wanders, Iten é também o destino para os estágios de muitos atletas europeus. Um deles foi recentemen­te o português Samuel Barata. Em conversa com o nosso jornal, o atleta do Benfica, que há duas semanas bateu o recorde pessoal da meia maratona (1:01.40), explicou o porquê da sua opção em três aspetos. “Existe um espírito de corrida que não se vê noutro lugar no Mundo. Qualquer pessoa, mesmo que não seja atleta, vê toda a agente a correr e até fica com vontade de fazer o mesmo. Se aqui levantar às cinco da manhã para correr, é um sacrifício. Lá, não é sacrifício nenhum. É um espírito brutal. Depois, a altitude, porque ao treinar lá tenho benefícios quando regresso. É o chamado doping natural, pois aumenta os meus níveis de hemoglobin­a de forma natural. E, por fim, as condições climatéric­as, porque lá nesta altura o tempo é ameno e isso faz com que o treino tenha mais qualidade e, consequent­emente, a recuperaçã­o também é melhor”, explicou o atleta português.

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EM AÇÃO. Julien Wanders junto da sua equipa

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