Record (Portugal)

Sete pontapés de fé: os clubes fundados pela Igreja

- Filipe Alexandre Dias Editor executivo

çUm dos sete pecados mortais é a luxúria e a Igreja cristã tem visto a sua imagem manchada por acusações de abusos e desmandos infames, tantas vezes repetidos, demasiadas vezes abafados. Com as vergonhas da sua instituiçã­o expostas, todo o bom cristão devoto temente a Deus cora de vergonha, mas é tempo de lembrar que a igreja encontrou em tempos o futebol como atalho para bons caminhos que conduzem à virtude. Mais: até já fundou clubes. Famosos, sim. Poderosos, certamente. Tudo com base na fé.

O Aston Villa é dos primeiros reflexos bem sucedidos da força empreended­ora da Igreja em Inglaterra. Em 1874, 15 membros da Igreja Metodista de Wesleyan fundaram em Birmingham o Aston Villa, sete vezes campeão de Inglaterra, sete vezes vencedores da FA Cup e campeões europeus em 1981/82.

Em 1878, o Everton fez-se aos terrenos de jogo, sob a denominaçã­o St. Domingo’s FC. Era formado por membros de uma congregaçã­o metodista. Mudou para Everton um ano depois. Em Inglaterra pode não ser maior que o rival Liverpool FC, mas na cidade de Liverpool é tão grande ou maior.

Ligado à comunidade judaica, até o Tottenham começou em 1882 com um gesto caridoso de John Ripsher, membro do clero londrino que ensinava a Bíblia na Igreja All Hallows. Foi o primeiro presidente e tesoureiro de um coletivo de miúdos que respondia por Tottenham Hotspur Football Club. Há pouco tempo, os ‘spurs’ souberam que o seu benfeitor jazia numa campa rasa em Dover e logo ali ergueram uma lápide como forma de gratidão.

Mas é o Southampto­n quem em Inglaterra mais ligado está às origens religiosas. Os ‘saints’ surgiram em 1885 como equipa de futebol da Igreja St. Mary’s e jogou vários anos em terrenos da paróquia. Mudaram-se em 1898 para o The Dell. Mais de 100 anos depois, o emblema da Premier League construiu um novo estádio, chamado... St. Mary’s Stadium.

Religioso por definição, o Celtic divide a maior rivalidade escocesa com o Rangers justamente pela fratura entre católicos e protestant­es. De origens irlandesas, foi fundado em 1887 pelo marista Walfrid, que promovia eventos desportivo­s e angariava dinheiro para famílias pobres. A caridade daria lugar a um clube famoso, que conquistou a Europa em 1967.

Até o Manchester City deve o nascimento, em 1880, a Arthur Connell, padre da igreja de St. Mark’s. Chamou-se Gorton FC e depois Ardwick AFC. Mudou a cor para azul celeste e passou a chamar-se Manchester City Football Club. Sempre tradiciona­l, hoje é uma ‘powerhouse’ da Premier League.

O San Lorenzo só podia sair

de uma igreja, ou não fosse o clube do coração do Papa Francisco. Um dos cinco grandes da Argentina, o ‘ciclón’ foi ideia de um padre, Lorenzo Massa, que ofereceu um terreno para miúdos locais jogarem. Foi santificad­o. Passou a San Loren zo. *

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