Contra o desperdício
Paulo Sérgio erigiu uma muralha para travar o Sporting. O Portimonense defendeu em 6x3x1 [1,
3], com claras referências individuais[1,2,3], o que não o inibiu de recorrer ainda ao médio-defensivo Pedro Sá, ao seguir Morita, para formar uma última linha com 7 unidades[2], de forma a estar em superioridade ante o desdobramento dos leões, em momento ofensivo, num 3x1x6 [1,2]. O que passava pela argúcia do japonês a procurar posicionar-se nas costas do tridente de médios-centro rivais [1,2], que pretendia oferecer supremacia na proteção do corredor central.
Otreinadordosalgarviosutilizouainda4defesas-centrais,
com Pedrão e Relvas a funcionarem como defesas-laterais com bola, e dois laterais/alas versáteis nos flancos, já que Ouattara, à direita, e Seck, à esquerda, juntavam-se à última linha em momento defensivo [1,2,3]. Depois, em momento ofensivo, procuravam desdobrar-se em alas, metamorfoseando a organização estrutural entre o 4x1x4x1/4x3x3.
A grande batalha do Sporting, que se instalou com bola,
desde os minutos iniciais, no meio-campo ofensivo, passou por encontrar espaços na organização defensiva coriácea do Portimonense, muitas vezes sitiada num bloco médio-baixo/baixo. Rúben Amorim sabia-o e conseguiu-o, ao mostrar-se arguto a preparar mudanças posicionais entre Esgaio – a buscar o espaço interior – e Edwards – referência à largura – à direita [1,2], o que criou incertezas na defesa do corredor esquerdo dos algarvios, além de instigar as ações de penetração em condução dos defesas-centrais exteriores (Diomandé, Inácio e, a partir dos 60 minutos, Matheus Reis, sempre disponível para assaltar o último terço)
[1,2], fundamentais para criarem desequilíbrios, e o discernimento de Morita entre a construção [3] – ágil a buscar os corredores laterais ou a ativar Pote nas entrelinhas [3] – e a aproximação sem bola a zonas de finalização [1,2].
Numa partida de sentido único, acabou por faltar
aos leões discernimento e, sobretudo, uma muito maior eficácia na finalização, dado o elevado número de oportunidades desbaratadas. Tanto em bola corrida, privilegiando a criação por espaços exteriores para finalizações dentro da área ou os remates de fora da área, sempre com Pote, pelo que disparou, e Nakamura, pelo que defendeu com o auxílio dos ferros, como protagonistas, como em situações de bola parada, sobressaindo o penálti esbanjado por Pote.
Foi a partir do banco que Amorim quebrou a ode
ao desperdício. Abdicar de Ugarte, a um quarto de hora do fim, para lançar Paulinho, que se juntou a um abúlico Chermiti no ataque, conduziu Pote para o papel de médio-centro ofensivo, sempre enquadrado com a baliza rival. Foi a partir de um soberbo passe de rutura de Pote que Paulinho, tremendamente sagaz a atacar uma nesga nas costas da última linha rival e a definir de primeira, desbloqueou, com inteira justiça, o nulo.