Números falam por Mehdi Taremi
num apelo à energia que incorporou, à introdução de frescura, sangue novo, motivação, paixão e esperança com que mudou um onze que pareceu resignado à fatalidade de encurtar uma vantagem que chegou a ser de dez pontos.
O segredo do sucesso é a simplicidade
com que executa gestos, ocupa espaços, conjuga ações e resolve as situações mais complexas do jogo. Quando responde à chamada, João Neves levanta o braço, responde presente em voz baixa e começa a jogar. Não diz uma palavra mas depressa assume o controlo, revelando coragem nas opções, no jeito de bordar com inteligência todas as ideias que gera e reveste de equilíbrio, segurança e perspetiva os lances que inicia, desenvolve e conclui.
Até ao dérbi,
João Neves abdicou do protagonismo automático de proezas instantâneas. O seu estilo é outro, porque não tem aptidões para transformar sozinho filmes que estejam a correr mal; não se propõe oferecer soluções avulsas, por reconhecer que não melhora a produção coletiva com talento individual, antes o faz através de sucessivas soluções à manobra coletiva.
João Neves tem uma vida pela frente
para chegar ao máximo das suas potencialidades, razão pela qual não deve lastimar o papel sóbrio que Roger Schmidt lhe outorgou na reta final da época. Cabe-lhe olear a máquina e acionar a rotina que alimenta a produção global, tarefa adulta em demasia para a idade que tem. Mas deve usufruir de momentos mágicos como o de Alvalade, onde esteve abaixo do habitual mas viveu parênteses de glória como herói de um empate que escancarou as portas do título. O papel foi curto mas será eterno. çUgarte foi assombroso frente ao Benfica. Se o Sporting atingiu nível magistral no dérbi deve-o em grande parte ao uruguaio, cuja intervenção no jogo foi assombrosa. Incrível como conjugou tantas ações no jogo: a desarmar, a dobrar, a cair em cima do portador da bola, a dar o primeiro passo na construção. Aos 22 anos pôs fim às dúvidas: é um médio fabuloso.
Com altos e baixos, as contas finais valorizam o seu futebol feito de golos
çTaremi caminha para os melhores números de sempre desde que está em Portugal – um total de 79 golos pelo FC Porto e 21 pelo Rio Ave, 100 no total. Às vezes acontece: a sensação de quebra é negada pela estatística. Que quebrou depois do Mundial, perdeu confiança e nunca mais foi o mesmo? Conversa fiada. Aí está ele como potencial melhor marcador da Liga.