Tic tac tic tac para o título

O campeonato chega hoje ao fim e o mais importante ainda aguarda clarificação. Sabe-se já quem desce de divisão, Paços de Ferreira e Santa Clara, mas ainda não se sabe quem será campeão. Sabe-se ainda que o Sporting de Braga vai discutir o acesso à Liga dos Campeões e que o Sporting tem lugar na próxima edição da Liga Europa. O futebol tem aspetos curiosos. Nestas últimas jornadas, conjugam-se os interesses de uns e de outros de modo impensável durante o desenrolar normal da prova. Por exemplo, os adeptos do Braga, que viram as suas ambições de Champions malparadas quando o seu clube perdeu na Luz com um golo de Rafa a roubar-lhes pontos que lhes poderiam fazer falta, terão celebrado com o entusiasmo, duas jornadas depois, o golo de João Neves com que o Benfica empatou o dérbi roubando ao Sporting os pontos de que necessitava para chegar à última ronda com hipóteses de sonhar com a Liga dos Campeões.

Ainda na jornada

do último fim-de-semana, a penúltima da prova, também os adeptos do Benfica não podem não ter celebrado, com a impassibilida- de possível, o golo de Cláudio Winck com que o Marítimo,

CUSTA A CRER QUE F. J. MARQUES NÃO TENHA OPTADO POR UMA TIRADA FORTEMENTE ANTICENTRALISTA COMO “O SANTA CLARA VAI ENTRAR EM CAMPO COM O EMBLEMA DO BENFICA NAS CAMISOLAS, TODOS PRESOS JÁ” REMATANDO COM O SEU “TIC TAC TIC TAC” QUE, ALIÁS, O CELEBRIZOU

nos derradeiros instantes do jogo, atirou com o Santa Clara para a II Liga fazendo a equipa entrar hoje na Luz já despromovida. São aqueles pormeno- res que, do ponto de vista teóri- co, fazem diferença, mas que do ponto de vista prático, enfim, só mais tarde se verá no que em definitivo resultarão.

A verdade é que

fazem mesmo muita diferença, e para todos os lados, estes pontos de vista quando o campeonato está à beira de se resolver e de pronunciar o nome do seu campeão. São estes os pormenores que consolam e dão ânimo na véspera das decisões. Fazem também grande diferença estas coisitas quando acontecem do ponto de vista teórico e do ponto de vista prático em simultâneo (quer dizer, ao mesmo tempo), uma proeza que não está ao alcance do adepto comum seja de que clube for, mas que está ao alcance do diretor de comunicação do FC Porto. As suas últimas alocuções, pela transcendência prática e teórica, merecem citação: “O jogo do título vai ser arbitrado por Rui Costa e terá como VAR Tiago Martins. A mesma dupla que dirigiu o FC Porto-Gil Vicente, que terá decidido o campeonato.”

Deixando os senhores árbitros em paz

e depreendendo-se que, para Francisco J. Marques, o jogo do título é o Benfica-Santa Clara e não o FC Porto-Vitória, custa a crer que não tenha optado por uma tirada ainda mais clarividente, se possível, em prol da sua verdade desportiva. Uma prédica fortemente escandalizada, genuinamente anticentralista como, por exemplo, “o Santa Clara vai entrar na Luz com o emblema do Benfica nas suas camisolas, todos presos já” rematada com aquele ‘tic tac tic tac’ que, aliás, constitui a sua imagem de marca no panorama judicial. Constitui e constituirá.

SÃO ESTES PORMENORES QUE

NA VÉSPERA DAS DECISÕES