Record (Portugal)

Oportunida­de perdida

- RUI MALHEIRO

A GOLEADA SOFRIDA ANTE A ALEMANHA, NO JOGO INAUGURAL DA COMPETIÇÃO, DITOU O DESTINO DOS SUB-17 LUSOS NO EUROPEU DA CATEGORIA. A ELIMINAÇÃO PRECOCE FOI DOLOROSA, ATÉ PORQUE O TRIUNFO FRENTE À ESCÓCIA E O EMPATE DIANTE DA FRANÇA, CAMPEà EM TÍTULO, EXIBIRAM AS FORÇAS DA SELEÇÃO QUE CHEGOU À FASE FINAL COM 6 TRIUNFOS EM 6 PARTIDAS. EQUILIBRAD­A E COMPETENTE DEFENSIVAM­ENTE, E CAPAZ DE SER DOMINADORA COM BOLA, ALIANDO DESENVOLTU­RA NA CONSTRUÇÃO E NA CRIAÇÃO PARA CHEGAR COM QUALIDADE A ZONAS DE FINALIZAÇíO

Guarda-Redes. Gonçalo Ribeiro (FC Porto, 2006) foi opção indubitáve­l. Já com 8 jogos na II Liga, é agressivo posicional­mente, tanto no controlo da profundida­de como nas saídas aéreas e no um contra um, e sente-se confortáve­l na construção curta como na busca de passes médios e longos. Ágil, elástico e com bons reflexos, não esteve isento de erros, sobretudo por algum excesso de confiança. Sem minutos na competição, André Moreira (Benfica, 2006), oriundo do Paços de Ferreira, sobressai pela compleição física, mas também revela predicados no controlo espacial da baliza, no um contra um, e na construção curta.

Defesas.À direita, Martim Fernandes (FC Porto, 2006) foi indiscutív­el. Opção de Folha na equipa B, o destro afirmou-se como um dos melhores laterais da prova. Apto defensivam­ente, sobressai pelo perfil ofensivo, acasalando velocidade, disponibil­idade física e agressivid­ade com argúcia na condução, na desmarcaçã­o e na produção de desequilíb­rios, revezando ações à largura com incursões interiores. Com propriedad­es no passe e nos cruzamento­s, também não se intimida a buscar o arco rival através do remate. À esquerda, Rayah Momade (Sporting, 2006) foi a opção inicial. Lateral de perfil equilibrad­o, sem a acutilânci­a ofensiva de Martim, o desempenho infeliz ante a Alemanha custou-lhe o lugar, abrindo espaço a Tiago Parente (Benfica, 2006). Descoberto no Mãe d’Água, abonou firmeza defensiva, e envolveu-se ofensivame­nte, perscrutan- do a velocidade e a sagacidade na desmarcaçã­o, mas pode melhor a decisão no último terço. O destro João Fonseca (Benfica, 2006) e o canhoto Gonçalo Oliveira (Benfica, 2006) formaram a incontorná­vel dupla de defesas-centrais. Apesar de terem nascido no mesmo ano, não jogaram juntos nos encarnados em 2022/23. Isto porque Fonseca já é titular dos sub-19, enquanto que Oliveira faz dupla nos sub-17 com Guilherme Gaspar (Ben- fica, 2006), também canhoto preferenci­al, que não somou qualquer minuto no Europeu. Se João Fonseca patenteia um estilo mais sóbrio, sem deixar de ser incisivo na antecipaçã­o e no desarme, optando por uma construção curta e segura, Gon- çalo Oliveira é mais físico e impositivo nos duelos, além de arcar mais riscos na construção e na condução.

Médios. Martim Ferreira (Benfica, 2006) foi o médio-defensivo. Menos expansivo do que nas fases de qualificaç­ão, o destro centrou-se no momento de- fensivo, tirando partido do sen- tido posicional, dos atributos na antecipaçã­o e no desarme, e da competênci­a no jogo aéreo, também visível nas bolas paradas ofensivas. Faltou-lhe ser mais belicoso na construção, ao optar por passes curtos e seguros. Os interiores Gil Martins (FC Porto, 2006) e João Simões (Sporting, 2007), que saltou dos sub-15 para os sub-17 lusos, afirmaram-se como duas das unidades de maior rendimento. O versátil destro Gil, também opção a partir das alas, distingue-se pela qualidade técnica, pela destreza no drible curto, e pela finura na condução, na desmar- cação e na associação, principalm­ente através de passes curtos, mas também na rutura, além de adir argumentos na finalizaçã­o. O canhoto Simões, descoberto no Portimonen­se, expõe uma maturidade invulgar, harmoni- zando argumentos defensivos, tanto no posicionam­ento como na pressão, com uma evidente mais-valia na construção e na condução, coadunando visão de jogo com atributos no passe e no drible curto, além de surgir em zonas de finalizaçã­o. O canhoto Diogo Lobão (Vitória SC, 2006), interior também capaz de desempenha­r o papel de médio- -defensivo construtor, fruto dos seus atributos no passe e na condução, e o destro João Teixeira (FC Porto, 2006), interior que sobressaír­a nas fases de apuramento pelas qualidades na condução, na construção/criação e na desmarcaçã­o, foram as opções alternativ­as.

Extremos/Avançados. O debutante, de origem guineense, Geovany Quenda (Sporting, 2007), desviado pelos leões ao Benfica, distinguiu-se como jóquer ofensivo. Canhoto explosi- vo, talhado para arrancar do corredor direito, alia velocidade, aceleração e agressivid­ade com qualidade no drible e um remate vigoroso. Se é certo que se pode tornar mais constante na decisão através do passe e dos cruzamento­s, é um desequilib­rador capaz de virar um jogo de pernas para o ar. O baixinho Gonçalo Moreira (Benfica, 2006), extremo destro que se sente mais confortáve­l a partir do flanco direito, não foi tão de- cisivo – surgiu pouco em zonas de finalizaçã­o e podia ter sido mais incisivo na criação – como nas fases de qualificaç­ão, ao sentir arduidades em partidas de maior cariz físico, mas mostrou o seu futebol burilado tecnicamen­te, capaz de introduzir criativida­de e imprevisib­ilidade na condução, e de cariz associa- tivo através do passe, com boas incursões pelo espaço interior. A partir da esquerda, o canhoto Olívio Tomé (Benfica, 2006) procurou estabelece­r diferenças pela dimensão física, o que o torna acutilante a explorar espaços vazios, principalm­ente pela sua velocidade e aceleração, adindo argumentos no um contra um e no assalto, ao segundo poste, a zonas de finalizaçã­o. Suplente utilizado nos três encontros, o canhoto Rodrigo Duarte (Vitória SC, 2006) introduziu os seus predicados técnicos e no drible para procurar estabelece­r diferenças. No centro do ataque, o destro Nuno Patrício (SC Braga, 2006), autor de 24 tentos em 31 jogos pelos sub-17 dos guerreiros, começou por ser a opção principal. Físico, móvel, combativo e belicoso, muito dado a procurar espaços exteriores e a oferecer apoios, desgastou-se e raramente surgiu em zonas de finalizaçã­o ante a Alemanha, o que lhe custou o lugar. Frente à França, como suplente utilizado, mostrou os argumentos que lhe são justamente creditados como finalizado­r dentro da área. O canhoto Gonçalo Sousa (FC Porto, 2006), também capaz de atuar como extremo, apresenta um perfil menos físico do que Patrício, mas assegura mobilidade e velocidade, virtudes técnicas, e incisivida­de na desmarcaçã­o e no assalto à profundida­de, além de oportunism­o e facilidade no remate. João Infante (Sporting, 2006) foi a terceira opção para o ataque. Perspicaz a desmarcar-se e a assaltar a profundida­de, faltou-lhe frieza na finalizaçã­o ante a Escócia, único jogo em que foi utilizado, quando surgiu isolado frente a McKenna.

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