O desporto como um negócio
NESTE MOMENTO JÁ NENHUM CLUBE É INSENSÍVEL À QUESTÃO DA ANIMAÇÃO E PROMOÇÃO DOS SEUS JOGOS. PORTUGAL ENTROU, FINALMENTE, NA ALTA-RODA DO MARKETING DESPORTIVO
Nos primórdios do desporto português, antes das receitas das transmissões televisivas, dos contratos de concessão de imagem, dos lucrativos acordos publicitários, os dirigentes portugueses eram conhecidos pelos seus frequentes peditórios às empresas dos amigos. A falta de um previsível e consistente cash flow colocava uma enorme pressão nas decisões do dia-a-dia dos clubes e federações.
Os patrocínios eram, e continuam a ser em vários casos, processos pouco profissionais de ajuda aos clubes nacionais. O patrocínio ainda não é encarado como um instrumento publicitário. São ainda frequentes casos em que a empresa x patrocina o clube y pela amizade entre o Director da
O PATROCÍNIO AINDA NÃO É ENCARADO COMO UM INSTRUMENTO PUBLICITÁRIO
empresa e o presidente do clube, por influências políticas ou mesmo pela simples necessidade de esgotar as sobras dos orçamentos de marketing de algumas empresas.
As entidades desportivas es- tavam dependentes de todo o tipo de subsídios e de grandes cedências por parte das autar- quias. A falta de organização em quase todos os desportos teve como consequência a diminuição do desporto como prioridade na mente da popu- lação. O impacto psicológico do desporto nunca perdeu a sua influência, mas a expansão de clubes, praticantes e adeptos abrandou. As altas entidades do futebol nacional assustaram-se quando depararam com os estádios vazios, mas não se preocuparam em deixar de fomentar as guerras de palavras, as acusações aos árbitros, a violência nos estádios e os preços elevados dos bilhetes.
A entrada de uma nova geração no dirigismo desportivo português acelerou o processo de mudança, implicando ainda que a velha guarda tivesse de se adaptar às novas formas de gestão aplicadas ao desporto. Neste momento já nenhum clube é insensível à questão da animação e promoção dos seus jogos.
O aumento da cobertura dos
media gera a proliferação de assessores de imprensa em clubes e federações, surgindo agora uma nova preocupação aos respetivos dirigentes: proporcionar bancadas e salas de imprensa confortáveis e apetrechadas tecnologicamente. Os clubes defendem as suas marcas contra a venda ilegal de produtos.
A exploração de imagem dos
jogadores está na moda. Promovem-se bilhetes válidos para toda a época em função de descontos substanciais, procurando a fidelização dos consumidores desportivos. Os atletas visitam escolas, prisões e hipermercados distribuindo autógrafos e sorrisos. Os mais audazes contratam até ... responsáveis de marketing. Enfim, estamos definitivamente lançados, embora com alguns anos de atraso, na alta-roda do marketing desportivo.