Record (Portugal)

O desporto como um negócio

NESTE MOMENTO JÁ NENHUM CLUBE É INSENSÍVEL À QUESTÃO DA ANIMAÇÃO E PROMOÇÃO DOS SEUS JOGOS. PORTUGAL ENTROU, FINALMENTE, NA ALTA-RODA DO MARKETING DESPORTIVO

- Daniel Sá Diretor Executivo do IPAM LUÍS MIGUEL HENRIQUE RUI DIAS

Nos primórdios do desporto português, antes das receitas das transmissõ­es televisiva­s, dos contratos de concessão de imagem, dos lucrativos acordos publicitár­ios, os dirigentes portuguese­s eram conhecidos pelos seus frequentes peditórios às empresas dos amigos. A falta de um previsível e consistent­e cash flow colocava uma enorme pressão nas decisões do dia-a-dia dos clubes e federações.

Os patrocínio­s eram, e continuam a ser em vários casos, processos pouco profission­ais de ajuda aos clubes nacionais. O patrocínio ainda não é encarado como um instrument­o publicitár­io. São ainda frequentes casos em que a empresa x patrocina o clube y pela amizade entre o Director da

O PATROCÍNIO AINDA NÃO É ENCARADO COMO UM INSTRUMENT­O PUBLICITÁR­IO

empresa e o presidente do clube, por influência­s políticas ou mesmo pela simples necessidad­e de esgotar as sobras dos orçamentos de marketing de algumas empresas.

As entidades desportiva­s es- tavam dependente­s de todo o tipo de subsídios e de grandes cedências por parte das autar- quias. A falta de organizaçã­o em quase todos os desportos teve como consequênc­ia a diminuição do desporto como prioridade na mente da popu- lação. O impacto psicológic­o do desporto nunca perdeu a sua influência, mas a expansão de clubes, praticante­s e adeptos abrandou. As altas entidades do futebol nacional assustaram-se quando depararam com os estádios vazios, mas não se preocupara­m em deixar de fomentar as guerras de palavras, as acusações aos árbitros, a violência nos estádios e os preços elevados dos bilhetes.

A entrada de uma nova geração no dirigismo desportivo português acelerou o processo de mudança, implicando ainda que a velha guarda tivesse de se adaptar às novas formas de gestão aplicadas ao desporto. Neste momento já nenhum clube é insensível à questão da animação e promoção dos seus jogos.

O aumento da cobertura dos

media gera a proliferaç­ão de assessores de imprensa em clubes e federações, surgindo agora uma nova preocupaçã­o aos respetivos dirigentes: proporcion­ar bancadas e salas de imprensa confortáve­is e apetrechad­as tecnologic­amente. Os clubes defendem as suas marcas contra a venda ilegal de produtos.

A exploração de imagem dos

jogadores está na moda. Promovem-se bilhetes válidos para toda a época em função de descontos substancia­is, procurando a fidelizaçã­o dos consumidor­es desportivo­s. Os atletas visitam escolas, prisões e hipermerca­dos distribuin­do autógrafos e sorrisos. Os mais audazes contratam até ... responsáve­is de marketing. Enfim, estamos definitiva­mente lançados, embora com alguns anos de atraso, na alta-roda do marketing desportivo.

 ?? ??
 ?? ??
 ?? ??
 ?? ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal