A LEI DOS VIOLINOS E O ‘PIROLITO’ FATAL
Leões conquistam título por um golo. Na visita ao campo do rival, Peyroteo fez póquer decisivo
Em plena época dos Cinco Violinos, o campeonato de 1947/48 foi dos mais emocionantes da história, discutido até ao último instante. No fim impôs-se a lei do mais forte, ainda que a tabela registe 41 pontos para Sporting e Benfica, prova de equilíbrio e até de uma ligeira vantagem encarnada durante a época, tendência desenhada a partir do momento em que as águias se superiorizaram no terreno leonino por 3-1, à 9.ª jornada.
Na ronda 22, quando se deslocou ao Campo Grande, o Sporting não tinha alternativa: era obrigatório vencer. Os verdes e brancos ganharam por 4-1, com quatro
NA ÚLTIMA JORNADA, COM OS MESMOS PONTOS, O SPORTING PERDEU EM SETÚBAL E O BENFICA, EM CASA, COM O ELVAS
golos de Peyroteo, entre os 35’ e os 69’. Os leões igualavam os rivais no topo da tabela e assumiam a liderança pelo pormenor que havia de ditar o campeão: um golo de diferença, que a cultura popular utilizou para eternizar essa competição sob a designação de ‘campeonato do pirolito’. No entanto, a liga, e muito menos a emoção, não terminou nesse capítulo com todos os ingredientes para ser determinante.
Nas quatro jornadas que faltavam para o fim, era pouco expectável que alguma das formações perdesse pontos, pelo que o favoritismo estava todo do lado verde e branco. A jornada 24 revelou-se surpreendente. Contra todas as previsões, o Sporting perdeu em Setúbal (0-1), no mesmo dia em que o Benfica recebia o Elvas, comandado por Severiano Correia, que nunca escondera a simpatia pelo clube encarnado. O escândalo aconteceu: os alentejanos venceram por 2-1, com dois golos de Patalino. Rogério de Carvalho ainda reduziu para 1-2, aos 48 minutos, pelo que os benfiquistas tiveram quase meia parte para evitar o desaire e, assim, garantir o título. Não foram capazes de fazê-lo.