FREIRE ABORDADO
Agente do antigo defesa do Chaves admitiu contacto feito em nome dos leões, no Cashball
José Moça, à data dos factos agente de Leandro Freire, admite que o antigo defesa do Chaves foi abordado no sentido de beneficiar o Sporting no início de 2017. “O jogador colocou o seu lugar à disposição. Mas confiávamos nele e jogou nos dois. Empatámos para o campeonato (2-2, a 14/1/2017) e ganhámos para a Taça (1-0, a 17/1/17)”, declarou José Moça, citado pelo agência Lusa, no início do julgamento do processo Cashball, ontem, no Tribunal de Leiria, acrescentando que o próprio futebolista lhe contou a si e ao presidente do Chaves que “tinha ido alguém ao hotel em nome do Sporting pedir-lhe para facilitar” frente aos leões. Em causa, segundo a decisão instrutória a que Record teve acesso em maio de 2022, está um encontro do empresário Paulo Silva com Leandro Freire, a 11 de janeiro de 2017, para que este “permitisse aos avançados da Sporting, SAD, designadamente Bas Dost, desenvolverem livremente as suas jogadas, sem oposição, contra o pagamento da quantia de 25.000€, sendo 12.500€ por cada um dos jogos. Leandro Freire não aceitou o que lhe foi proposto.” Paulo Silva, ausente da sessão por motivos de doença, é um dos três arguidos que se sentam no banco dos réus neste caso, a par do empresário João Gonçalves e do ex-funcionário do Sporting Gonçalo Rodrigues. Paulo Silva responde por três crimes de corrupção ativa, dois deles na forma agravada (relativamente aos árbitros de andebol Roberto Martins e Ivan Caçador), enquanto João Gonçalves e Gonçalo Rodrigues estão acusados de um crime de corrupção ativa na forma agravada (sobre Ivan Caçador). Os dois juízes confirmaram ontem contactos de Paulo Silva, sem sucesso, antes dos jogos ABC-FC Porto (30-28, a 5/4/17) e FC Porto-Sporting (30-28, a 8/4/17), mas ambos negaram a oferta de dinheiro (a acusação menciona 2.500 euros e 2 mil euros). “Não queria que prejudicasse e que a favorecer alguém que fosse o Sporting”, relatou Ivan Caçador. “Quando começou a falar do Sporting e de andebol e terminei a conversa logo ali”, disse Roberto Martins. O Sporting recusa envolvimento nos factos. “Não haja dúvidas que o assistente censura veementemente tais condutas”, disse o advogado Miguel Santos Almeida. Paulo Silva deverá prestar declarações na próxima sessão, a 4 de julho.
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JULGAMENTO COMEÇOU ONTEM EM LEIRIA. DOIS ÁRBITROS DE ANDEBOL TAMBÉM ASSUMIRAM APROXIMAÇÕES DE PAULO SILVA